Pelos prados e campinas (Salmo 22)

agosto 31, 2009

BENTO XVI: A educação dos filhos no amor a Deus.

agosto 31, 2009

 Bento XVI1

Ângelus do Papa Bento XVI.

 

Bento XVI convida os pais a dedicarem-se á educação dos filhos

no amor a Deus, e encoraja os países industrializados

a cooperar responsavelmente para o futuro do planeta.

30.08.09: Se nalgumas realidades faltam suficientes vocações ao sacerdócio e á vida religiosa é por causa da crise da família. Onde as famílias estão unidas e fundadas na fé as vocações chegam. Sublinhou neste Domingo Bento XVI falando aos fiéis que se deslocaram a Castelgandolfo para com ele recitarem a oração mariana do Ângelus do meio dia. Quando os conjugues se dedicam generosamente á educação dos filhos, guiando-os e orientando-os á descoberta do amor de Deus, preparam – explicou – aquele terreno espiritual fértil onde brotam e amadurecem as vocações ao sacerdócio e á vida consagrada.

Para o Papa revela-se assim quanto estão intimamente ligados e se iluminam reciprocamente o matrimônio e a virgindade, a partir do seu comum enraizamento no amor esponsal de Cristo.

O Santo Padre fez o exemplo de Santa Mônica, cuja memória litúrgica teve lugar na passada quinta feira, e da qual, recordou, Santo Agostinho bebeu o nome de Jesus. O grande filosofo e teólogo africano que inspirou a teologia de Joseph Ratzinger, foi educado pela mãe na religião cristã cujos princípios lhe permanecerão impressos também durante os anos de debandada moral e espiritual.

Mônica – disse o Papa – nunca parou de rezar por ele e pela sua conversão e teve a consolação de o ver regressar á fé e receber o batismo. Deus ouviu as orações desta mãe santa, á qual o Bispo de Tagaste dissera: é impossível que um filho de tantas lágrimas acabe por se perder. E o próprio Santo Agostinho, repetia que sua mãe o gerara duas vezes.

A historia do cristianismo – acrescentou Bento XVI – está constelada de inumeráveis exemplos de pais santos e de famílias cristãs autenticas que acompanharam a vida de sacerdotes e pastores da Igreja generosos. Pensemos nos Santos Basílio Magno e Gregório de Nazianzo , ambos pertencentes a famílias de santos. Já mais próximo de nós pensemos nos conjugues Luís Beltrame Quattrocchi e Maria Corsini, que vivem em finais do século XIX e meados do século XX, beatificados por João Paulo II em Outubro de 2001 em coincidência com os vinte anos da Exortação Apostólica Familiaris Consortio, um documento que para além de ilustrar o valor do matrimônio e as tarefas da família , solicita os esposos a um empenho particular no caminho da santidade que, atingindo graça e força no sacramento do matrimônio , os acompanha ao longo da sua inteira existência.

A concluir o Papa convidou a rezar para que, neste Ano Sacerdotal, por intercessão do santo Cura d’Ars as famílias cristãs se tornem pequenas igrejas, nas quais todas as vocações e todos os carismas, doados pelo Espírito Santo, possam ser acolhidos e valorizados.

Depois da recitação do Ângelus o Papa recordou que no próximo dia 1 de Setembro se celebrará na Itália a jornada para a salvaguarda da criação. Uma efeméride significativa, de relevo também ecumênico que este ano tem como tema a importância do ar, elemento indispensável para a vida. Como fiz na Audiência geral da passada quarta feira exorto todos a um maior empenho para a tutela da criação, dom de Deus.

Em particular encorajo os países industrializados a cooperarem responsavelmente para o futuro do planeta e para que não sejam as populações mais pobres a pagar o preço maior das mudanças climáticas.

Fonte: Rádio Vaticano.

extraído so site: http://www.derradeirasgracas.com/3.%20Papa%20Bento%20XVI/Bento%20XVI%20convida%20os%20pais%20a%20dedicarem-se%20á%20educação%20dos%20filhos%20no%20amor%20a%20Deus.htm


Noites Traiçoeiras

agosto 30, 2009

OS CATEQUISTAS

agosto 30, 2009

bíblia

Os catequistas

Muitas pessoas não conhecem a doutrina católica

Se eu tivesse de dar uma medalha de ouro para alguém na Igreja, seria para o Catequista. Hoje é o que mais precisamos na Igreja: bons cristãos, bem preparados, conhecedores da doutrina católica, que formem as crianças, os jovens, e mesmo os adultos, na verdadeira religião. Infelizmente, a maioria dos nossos jovens já não conhece os Mandamentos, os Sacramentos, a Liturgia, e as coisas básicas da nossa fé, porque não foram catequizados.

Por isso, no Jubileu do ano 2000 o saudoso Papa João Paulo II pediu à Igreja uma “Nova Evangelização”, com “novos métodos, novo ardor e nova expressão”, a fim de reavivar a fé do povo católico e também de trazer de volta para a Igreja aquelas ovelhas desgarradas que as seitas levaram embora.

Muitos filhos da Igreja foram levados para seitas porque não conheciam a doutrina católica nem mesmo na sua fundamentação básica; foram enganados pelos “falsos pastores”; Jesus avisou que estes viriam como cordeiros, mas que, na verdade, eram lobos ferozes (cf. Mateus 7,15). E isso acontece porque esse bom povo católico não foi evangelizado, especialmente não foi catequizado nem pelos pais nem pela Igreja.

Nos últimos decênios a catequese diminuiu muito; em primeiro lugar por conta da crise da família provocada pelo divórcio, pela falta de formação dos pais e por tantos outros fatores. Antigamente a catequese infantil tinha início no colo dos pais, mas isso foi diminuindo gradativamente; por outro lado, muitos segmentos da Igreja a [catequese] desviaram quase que exclusivamente para o campo social, deixando as crianças e os jovens à mingua com relação aos Sacramentos, ao Credo, à Moral católica e à vida de piedade e oração. O povo, então, foi buscar a fé nas outras comunidades.

Portanto, urge que se estabeleça uma “nova catequese” para as crianças e jovens de modo especial. São Paulo, São Pedro e São João nos mostram o cuidado dos Apóstolos em preservar a “sã doutrina” (cf. I Timóteo 1,10). A apóstolo dos gentios fala do perigo das “doutrinas estranhas” (cf. I Timóteo 1,3); dos “falsos doutores” (cf. I Timóteo 4, 1-2); e recomenda a São Timóteo: “guarda o depósito” ( cf. I Timóteo 6,20).

O Concílio Vaticano II convocou de modo especial os leigos para essa urgente retomada na catequese: “Grassando em nossa época gravíssimos erros que ameaçam inverter profundamente a religião, este Concílio exorta de coração todos os leigos que assumam mais conscientemente suas responsabilidades na defesa dos princípios cristãos” (Concílio Vaticano II – Apostolicam Actuositatem, 6).

E o Documento de Santo Domingo, do IV CELAM, insistiu no mesmo ponto: “Instruir o povo amplamente, com serenidade e objetividade, sobre as características e diferenças das diversas seitas e sobre as respostas às injustas acusações contra a Igreja” (Doc. Santo Domingo, n.141).

Para sentirmos a gravidade das seitas hoje, basta dizer que o Parlamento Europeu declarou, em 1998, que nos últimos anos nasceram 20.000 (vinte mil) seitas em todo o mundo (12.000 no Ocidente e 8.000 na África), um fenômeno que envolve cerca de 500 a 600 milhões de pessoas (cf. L’Osservatore Romano, n. 35; 29/08/1998 – 12 (476).

Como enfrentar essa situação? Somente com uma boa catequese desde a infância. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) lembra que: “Os períodos de renovação da Igreja são também tempos fortes da catequese. Eis por que, na grande época dos Padres da Igreja, vemos Santos Bispos dedicarem uma parte importante de seu ministério à catequese” (CIC § 8).

Em 1979 o saudoso Papa João Paulo II, também preocupado com esse assunto [catequese], escreveu a “Catechesi tradendae” e chamou a Igreja a assumi-la; e aprovou em 1992 o novo Catecismo da Igreja, a pedido dos bispos que participaram do Sínodo dos Bispos de 1985. O Santo Padre endossou o pedido dos prelados reconhecendo que “este desejo responde plenamente a uma verdadeira necessidade da Igreja universal e das Igrejas particulares” (cf. CIC §10).

O mesmo saudoso Sumo Pontífice pediu “aos Pastores da Igreja e aos fiéis que acolham este Catecismo… e o usem assiduamente ao cumprir sua missão de anunciar a fé e convocar para a vida evangélica”. Insistindo que ele é “uma exposição da fé da Igreja e da doutrina católica, testemunhadas ou iluminadas pela Sagrada Escritura, pela Tradição Apostólica e pelo Magistério da Igreja (…) uma norma segura para o ensino da fé” (cf. Fidei Depositum).

Resta-nos agora empunhar o Catecismo e formar as crianças principalmente. O futuro da Igreja passa por elas. Mais do que nunca hoje é preciso formar bons catequistas, para formar na fé as crianças e os jovens. Mas, para isso, eles [catequistas] precisam estudar o “Catecismo da Igreja Católica”, a fim de ensinar o que a Igreja manda e não o que eles querem. Quem evangeliza o faz em nome da Igreja e não em seu próprio nome.

Só uma boa catequese poderá recuperar o que se perdeu em nosso país de formação católica e de amor à Igreja.

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Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com
Prof. Felipe Aquino, casado, 5 fihos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de Aprofundamentos no país e no exterior, já escreveu 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: “Escola da Fé” e “Trocando Idéias”. Conheça mais em Blog do Professor Felipe
Site do autor: www.cleofas.com.br

Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?e=11576

 


Um Coração Para Amar

agosto 29, 2009

AMAR E SERVIR A DEUS NO PRÓXIMO

agosto 29, 2009

Amar e servir a Deus no próximo

Padre Wellington Martins
Foto: Renan Felix

Ao acolher o irmão Deus se revela em nós. Evangelho de São Lucas 10,25-37 Esta passagem do Bom Samaritano. “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu pensamento” (Dt 6,5).

Todo ser humano de forma integral, deve manifestar o seu amor para com Deus. Ele que nos deu a vida e nos chamou a abraçar a nossa vocação. Cuidar da nossa vida como um tesouro porque nós pertencemos ao Senhor, nós saímos do coração de Deus. È preciso colocar o Senhor em primeiro lugar em nossa vida. Ele é o nosso referencial primeiro, a Ele nós nos prostramos, e o temos como único Senhor e salvador.

Deus coloca em nossas mãos a nossa vida, para que cuidemos dela como um tesouro, e da mesma forma devemos amar os nossos irmão e irmãs. Somo chamados e convidado s por Deus a amar, amar e amar.

E quem é o meu próximo?

Um samaritano vê aquele homem caído e ferido e o ajuda, e nós da mesma forma somos convidados a acolher o irmão, e só consegue acolher o que sofre, aquele que ama, aquele que descobre no seu coração este chamado. Um coração que é capaz de acolher, é capaz de se aproximar do outro em suas feridas, em suas dores, e só consegue se aproximar aquele que sente este chamado sublime de Deus no coração.

Em nossas vidas este chamado intimo de Deus nos leva a acolher e evangelizar, é falar de Jesus, é anunciar o reino de Deus. Todos nós somos chamados a viver na prática este Reino e este chamado é para nós vicentinos. Agindo como Jesus, construindo o reino de Deus, pedindo continuamente que Seu Espirito Santo que inflame o nosso coração e nos sensibilize com a realidade dos pobres, com aqueles que sofrem, com aqueles que estão caídos a beira do caminho.

Quando acolhemos com carinho, cuidado e compaixão, é que nós vivemos verdadeiramente a nossa vocação e fazemos com que aquele coração que sofre, seja tocado por Deus. Nós também devemos acolher com alegria, amor e com um sorriso nos lábios a todos, crianças, jovens e adultos, àqueles que abraçam o carisma vicentino, dando suporte àqueles que darão continuidade na missão de São Vicente, que deixou para nós esta herança, este legado.

Nesta parábola, onde nós vicentinos estamos inseridos? Na simplicidade, humildade, nós somos o dono da hospedaria que acolhe, que cuida das feridas daqueles que se encontram a margem da sociedade. A nossa missão nos chama a resgatar, reanimar as suas esperança, para que, aquele que sofre possa retomar a sua caminhada. O nosso coração deve ser compassivo, cheio de amor. O coração compassivo é um coração que sofre com o outro, se faz solidário com o outro, este coração compassivo é o coração do vicentino como o dono da hospedaria que acolhe no anonimato.

Jesus acolheu a todos como irmão no amor do Pai, e na sua acolhida generosa Ele manifestou o amor do criador e como verbo encarnado Ele é a grande comunicação de Deus com a humanidade. Jesus é a presença de Deus no meio de nós. Ele ao acolher os pobres, sofredores e marginalizados revelou a presença de um Deus amoroso compassivo e fiel. Um Deus que mantem a fidelidade com seu filhos e filhas. Nós como irmãos de Jesus, que nos propomos na nossa vocação e missão e nos comprometemos como está escrito em nossas regras, seguir a Jesus Cristo servindo ao pobres.

‘Jesus acolheu a todos como irmão no amor do Pai’
Foto: Renan Felix

E na acolhida ao pobres nós revelamos o próprio Deus, ou seja com a consciência da nossa vocação e missão Deus se revela em nós. Este mistério é profundo e só conseguimos viver este mistério na intimidade com Deus na oração e no serviço solidário aos sofredores.

Nós precisamos inflamar o coração de toda a Igreja e toda a sociedade para que Deus seja revelado em nós, pelos nosso gestos, atos e palavras. Nós somos um outro Cristo para aqueles a quem nós servimos e acolhemos. É a força do Espirito Santo que anima que torna a reviver o coração vicentino, que nos faz dar passos largos nessa história, para curar os corações feridos. E quando damos estes passos, nós vicentinos também somos curados.

Porque nós temos ainda nesse mundo muitos sofredores? Porque temos ainda muitos marginalizados? A família vicentina é aquela que contando com a presença de Deus, muda a realidade de sofrimento, de dor e a realidade social do chão em que estamos inseridos.

Não queremos ajuntar riquezas, porque o coração vicentino não é aquele que acumula, mas quer partilhar para que todos tenham uma vida digna e em abundancia, por isso o Vicentino está inserido na Igreja como portador da voz de Deus.

Somos aqueles que participamos ativamente da nossa comunidade eclesial, e em todos o movimentos e instituições que lutam pelos mais pobres, por isso estamos inseridos sendo voz profética de Deus.

Que sejamos neste dia animados pelo Espírito Santos de Deus, que é a luz que nos ilumina, que ele nos faça viver a nossa vocação com coerência e com um coração compassivo.

 

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Padre Welinton Martins

Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/eventos/novoeventos/cobertura.php?cod=2339&pre=6162&tit=Amar%20e%20servir%20a%20Deus%20no%20próximo

 

 


Rei dos Reis

agosto 28, 2009

A MEDIAÇÃO UNIVERSAL DE MARIA SANTÍSSIMA – Parte XI: O Santo Rosário.

agosto 28, 2009

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A MEDIAÇÃO UNIVERSAL

DE MARIA SANTÍSSIMA.

Parte XI.

A grande Mensagem Celeste dos tempos modernos:

 O Santo Rosário.

         A Divina Providência que rege o mundo e tudo dirige para a Salvação Eterna do gênero humano, socorre a humanidade, nas diferentes épocas, com remédios adequados às suas necessidades e seus males.

         Do fim do século XIX até nossos dias, DEUS claramente manifestou ao mundo um grande remédio que auxiliará, enormemente, para salvar os homens dos terríveis perigos que o ameaçam. O grande remédio é o Santo Rosário.

         O mundo até hoje admira o imortal Pontífice que, há mais de um século. Escreveu a monumental Encíclica “RERUM NOVARUM” e que deu novos rumos à momentosa questão social.

         Todos exaltam a benemerência de Leão XIII. Mas, talvez, nem todos saibam que o mesmo Pontífice escreveu dez (10) admiráveis Encíclicas sobre o Santo Rosário. A começar em 1883 até 1897, o admirável Papa não se cansou de explicar, louvar e recomendar a reza do Rosário.

         Foi precisamente nessas Encíclicas que encontramos os argumentos preciosos que expusemos nestes textos para provar a Mediação Universal da MÃE de DEUS.

         A última Encíclica, de 05 de setembro de 1898, intitulada “Diuturni temporis” é o testamento Mariano e despedida do Pontífice Leão XIII deste mundo, pois já estava com 88 anos de idade. Afirma Ele:

         “No Amor desta MÃE que procuramos fomentar dia a dia, queremos terminar, assim o esperamos, os nossos dias”.

         Desejamos ardentemente solidificar a salvação da sociedade humana pelo Culto da Santíssima Virgem, e esforçamo-nos em promover, entre os fiéis cristãos, o uso do Rosário Mariano, emitindo, para este fim, Cartas Apostólicas e Decretos, como sabeis, desde o começo de setembro de 1883(…)

         (…) Constantemente animava-nos o desejo que entre os povos cristãos perdurasse a convicção da dignidade e do poder do Rosário Mariano.

         Por isso lembramos primeiro a origem do mesmo, que é antes Celeste do que humano, e demonstramos que a Coroa trançada da saudação Angelical, intercalada na oração do SENHOR e acompanhada do exercício da meditação, é uma oração ótima e utilíssima para chegarmos à vida eterna. Além desta vantagem, é um forte baluarte da fé.

         Pelos mistérios a serem meditados, é um insigne exemplo de virtude. Ademais, é uma prática muito fácil que se acomoda à índole do povo. Demonstramos que a família de Nazaré apresenta à sociedade doméstica o exemplo mais perfeito, cujo influxo salutar o povo cristão sempre sentiu.

         E nós, como sinal imorredouro de nossa propensão para esta espécie de piedade, mandamos que a mesma solenidade (Festa de Nossa Senhora do Rosário) e Seu Ofício, se celebrassem na Igreja Universal sob “Ritu duplici secundal classis”, e que todo o mês de outubro se consagrasse a essa prática de devoção; e ainda prescrevemos que se introduzisse na Ladainha Lauretana, como prenúncio de vitória nos combates presentes, a invocação: “Regina Sacratíssimi Rosarii.” Concluiu Leão XIII. Dizemos nós todos há mais de 100 anos: “Rainha do Sacratíssimo Rosário, rogai por nós!”

         Vinte anos após o Papa Leão XIII ter publicado sua última Encíclica sobre o Santo Rosário, a própria Virgem desce dos Céus e traz à Terra a Mensagem Divina do Santo Rosário.

         Nas memoráveis seis Aparições, de 13 de maio a 13 de outubro de 1917, seis vezes repete aos três pastorzinhos a admoestação de rezarem com devoção o Terço (do Rosário) pelo menos todos os dias.

         Como em Lourdes, também em Fátima, (e em tantas outras Aparições), já na primeira Manifestação a Virgem tem as Mãos juntas à altura do peito em sinal de oração, e pendente um lindo Rosário de contas brilhantes e um Crucifixo prateado.

         – “E eu irei para o Céu?” pergunta Lúcia.

“Sim, irás”, respondeu a meiga SENHORA.

         – “E a Jacinta?”…

”Também”.

         – “E o Francisco?”…

”Ele também, mas primeiro tem de rezar muitos Terços (do Rosário).”

         Ensina-lhes a VIRGEM esta pequenina, mas poderosa jaculatória, para intercalar entre os Mistérios, depois do Glória ao PAI…:

         “Ó meu JESUS, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno e aliviai as almas do Purgatório, principalmente as mais abandonadas.”

         Na terceira Aparição, torna a VIRGEM a insistir na recitação cotidiana do Terço (do Rosário), para obter o fim da guerra (1ª grande guerra mundial – 1914 a 1918), porque, afirmava-lhes, ELA poderia interceder.

         Jacinta pede várias curas, mas a SENHORA responde que receberiam as Graças pedidas, porém antes era necessário que começassem a rezar o Terço (do Rosário).

         Na quarta Aparição volta a VIRGEM a recomendar que rezassem o Terço (do ROSÁRIO) todos os dias, e, na quinta Aparição renova a recomendação que se continuasse a rezar o Rosário para alcançarem o fim da guerra.

         Nas últimas Aparições pergunta Lúcia:

         – “Quem é ‘Vossemecê’ e o que quer de mim?”

         Respondeu que era a SENHORA do Rosário e que viera exortar os fiéis a recitarem o Santo Rosário.

         Entre as orações Marianas, a que mais exalta e destaca a Mediação da Santíssima Virgem é o santo Rosário. Na reza do Rosário, repetimos cento e cinqüenta e três vezes a saudação Angélica, (podemos denominá-la de hino da Mediação Universal) e meditamos os Mistérios da Redenção do gênero humano, onde MARIA vive e sofre com CRISTO, na conquista de todas as Graças, e onde MARIA com CRISTO as distribui.

         Mais uma vez lembramos este grande Papa Mariano, Leão XIII, citando a Santo Tomás de Aquino, na Encíclica “jucunda semper expectatione” de 08 de setembro de 1894, que diz da Ave-Maria:

         “Saudamo-LA como Aquela que “achou Graça junto de Deus”, de modo singular por ELE constituída “cheia de Graça”, de cuja plenitude recebe todo o universo, à qual “DEUS está ligado em união tão íntima quanto possível”, a “Bendita entre as mulheres“ que suspendeu a maldição e trouxe a benção com o fruto Bendito de SEU Ventre, por quem foram abençoados os gentios, e que exatamente invocamos como “MÃE DE DEUS.”

         Saudamo-La na segunda parte “Santa MARIA, Mãe de DEUS,” dignidade que LHE garante a Onipotência Suplicante, porque no dizer do grande orador Bossuet: “É MÃE DE DEUS para tudo poder e Mãe dos homens para tudo conceder.”

         E prosseguimos:

         “Rogai por nós pecadores agora e na hora da nossa morte”.

         Pedimos que nos atenda em todas as tribulações da vida, mas LHE confiamos a hora derradeira, porque a Graça da perseverança final, abraça e enfeixa todas as outras Graças que visam precisamente esta última, sem a qual, melhor teria sido nem nascermos.” (até aqui a Encíclica)

         Os 15 Mistérios do Santo Rosário de Nossa SENHORA (os 20 Mistérios compõe o “Rosário ampliado do Papa João Paulo II”) acompanham a Mediação Universal desde o seu começo até à sua completa vitória.

         O primeiro nos desdobra a Anunciação, onde à VIRGEM é oferecida a Maternidade Divina que encerra a Mediação, e MARIA aceita com o SEU humilde: “Eis aqui a Escrava do SENHOR. Faça-se em MIM segundo a TUA Palavra.” No segundo, por SEU intermédio DEUS concede a primeira Graça da Redenção a São João Batista. Nos seguintes três Mistérios exerce a missão de conservar e zelar a Vítima Divina.

         Nos mistérios Dolorosos SEU posto é ao lado da Cruz ensangüentada, ofertando a VÍTIMA para a Redenção do gênero humano. Nos mistérios Gloriosos, depois de contemplarmos CRISTO Triunfante, assistimos à “novena” do Divino ESPÍRITO SANTO, onde os Apóstolos ”cum MARIA MATER JESU”… “com MARIA, MÃE de JESUS”… se preparam e recebem o PARÁCLITO, AQUELE QUE HABITA O PAI E O FILHO. No quarto e quinto mistério, MARIA é levada ao Céus, onde toma posse de SEU ofício de Medianeira de Todas as Graças.

         Como vemos o Santo Rosário, desde o seu começo até o fim, exalta as grandezas da Mediação Universal, e dela se serve para obter Graças e favores Celestes.

         Sim, se quisermos obter tudo da Medianeira de Todas as Graças, saibamos rezar o Rosário com devoção, e rezemos todos os dias da nossa vida.

         Imitemos aqueles grandes devotos e santos que O rezavam dia e noite. Santo Afonso Rodrigues tinha os dedos calejados de tanto passar as contas do místico rosal da Virgem SENHORA.

         São Clemente Hofbauer dizia, ao ser chamado ao leito de um moribundo pecador: “Se entre minha casa e a do doente tiver o tempo necessário para rezar o Terço, estou certo de sua conversão e salvação.”

         São João Berchmaus, entrelaçando o livro das Regras e o Crucifixo com o Terço, exclamava na hora da morte: “Agora posso morrer.”

         Para inocular na alma dos filhos de MARIA, o mais vivo amor a reza do santo Rosário, narramos alguns fatos que provam a sua eficácia:

1- Um maquinista de trem tomou parte num retiro, em Munique, Alemanha. Conversando com o pregador, contou-lhe que há trinta anos conduzia uma grande locomotiva. Durante todo esse tempo nunca passou, em suas viagens diárias, por uma Igreja sem saudar o Santíssimo Sacramento com as seguintes palavras: “Louvado seja JESUS CRISTO e bendito e louvado seja o Santíssimo Sacramento!” Disse que ira tão belo à noite ver do trem, nas janelas das Igrejas, o clarão da lâmpada do Santíssimo.

         Disse também que rezava todos os dias o Terço na máquina, mesmo porque, nas grandes rotas, não lhe era difícil; e que muitas vezes o seu auxiliar rezava junto.

         Compreende-se então porque esse senhor tenha sido tão abençoado em toda a sua vida. Em trinta anos de arriscada profissão nunca foi vitima de nenhum acidente, nem o mais leve contratempo. Para completar tão agraciada existência, dois de seus filhos tornaram-se sacerdotes.

2- Uma boa e santa mãe de família, ao despedir-se do filho que fora convocado para o “front”, entregou-lhe seu velho Terço, com o seguinte maternal apelo:

         “Meu filho, grande é a dor de tua mãe ao ver-te partir para a guerra. Correrás gravíssimos perigos para tua alma e vida: Talvez nunca mais te verei. Eis aqui o meu Terço. É o Terço que tua mãe tantas e tantas vezes tem rezado durante a vida. Filho, nunca te separes dele. Leva-o sempre contigo. Reza-o sempre que puderes. O Terço de tua mãe seja teu companheiro inseparável.”

         O filho partiu cumprindo o conselho de sua saudosa mãe, nunca se separava dele, nem de dia, nem de noite. Imaginemos com que devoção deveria rezá-lo no horror de uma guerra, principalmente na iminência das terríveis batalhas!

         Certa manhã de rigorosíssimo inverno, em meio da neve e do gelo, o jovem soldado toma parte num dos mais sangrentos combates. Em pouco tempo uma bala atinge-o na cabeça e o prostra desacordado. Felizmente a ferida não era mortal.

         Terminada a batalha, os oficiais ordenaram aos camponeses católicos que abrissem uma grande vala e enterrassem todos os soldados mortos. Antes disso, porém, examinassem os bolsos, para ver se encontravam algo por onde pudessem ser identificados os cadáveres, para avisar os respectivos familiares.

         Obedeceram imediatamente. Ao examinarem ao nosso jovem que parecia morto, encontraram no bolso o bendito Terço.

         “Oh! Exclamaram os colonos, este é dos nossos, reza o Terço, é filho de MARIA. Não, a este não vamos enterrar aqui na vala comum. Vamos enterrá-lo no cemitério sagrado e dar-lhe uma sepultura como merece quem reza o Terço e é devoto de MARIA Santíssima!”

         Sepultaram a todos os outros, como tinha sido determinado, e depois, carregando o jovem soldado numa padiola, lá se foram rumo ao cemitério, para dar-lhe uma sepultura católica. No caminho encontraram um médico que lhes perguntou: “que estão fazendo?” Eles então relataram todos os fatos, desde a ordem dos oficiais, até a intenção de enterrá-lo dignamente, pois se tratava de um irmão de fé, devoto de NOSSA SENHORA.

         O médico examinou o suposto morto e disse: “Não parece que esteja morto, só desacordado. Vamos movimentá-lo para ver se recobra os sentidos.” Algum tempo depois o jovem, reanimado pelos movimentos, abre os olhos. Estava salvo!

         O bendito Terço (do Rosário) de sua mãe salvou-lhe a vida, impedindo que fosse enterrado vivo. Quantos Terços das mães terrestres aliados ao Rosário da MÃE celeste, já não impediram que tantas e tantas almas tivessem sido enterradas no fogo do inferno?

         Amados da MÃE de DEUS e nossa, façamos o propósito de rezar, pelo menos, o Terço todos os dias, mas sempre lembrando que já há muitos anos Nossa SENHORA vem pedindo com grande insistência (Medjugorje) para rezarmos sim, o santo Rosário.

         “Imaculado Coração de MARIA, sede nossa salvação!”

Fonte: http://www.derradeirasgracas.com/4.%20A%20Mediação%20Universal%20de%20Maria%20Santíssima/A%20MEDIAÇÃO%20UNIVERSAL%20DE%20MARIA%20SANTISSIMA%20-%20XI%20.htm

 


A OSTRA E A PÉROLA

agosto 27, 2009

AS ARMAS CONTRA O INIMIGO

agosto 27, 2009

Jesus na Hóstia

As armas contra o inimigo

O demônio tenta nos enganar de várias maneiras

Muitos cristãos, ao tomarem a decisão de seguir ao Senhor, pensam que vão ter uma vida mais tranquila. Mas a verdade é o contrário, pois o demônio não tem interesse em atacar os que não são seguidores de Cristo. Até mesmo os santos foram perseguidos. O interesse do maligno é colocar obstáculos na vida daqueles que decidiram seguir o Senhor.

Isso não é motivo de nos levar a uma crise. Não temos motivo para temer o inimigo, pois ele já foi derrotado. O demônio é que tem de ter medo de você, e a razão é simples: nós somos filhos e filhas de Deus, herdeiros do Reino. O maligno tem muita raiva, porque aquilo que foi dado a ele uma vez, agora é dado a nós. Ele tenta nos enganar de várias maneiras, mas tem uma técnica que ele usa frequentemente para nos atacar: é o desânimo, o desencorajamento. O desânimo não vem de Deus, sempre vem do inimigo, daquele que nos faz desistir de ir em frente.

Vamos olhar para São Pio de Pietrelcina. Quando um analista do Vaticano disse que ele era um psicopata, este santo entrou numa crise tremenda. Ele olhou para seus estigmas e se questionou se tudo era falso. Madre Teresa de Calcutá, no seu leito de morte, também viveu uma grande crise ao sentir o amor de Deus longe dela. O bispo teve de enviar um exorcista até ela e convencê-la de que aquele sentimento não vinha de Deus.

É muito normal que também nós vivamos esses momentos de crise. Seguir Jesus num momento de entusiasmo é fácil, mas continuar O seguindo nos momentos de sofrimento é difícil. O inimigo virá tentá-lo quando você estiver se sentindo fraco, cheio de medos, com raiva, ansiedade, tristeza. É nosso papel lutar contra essas táticas que ele usa para nos desanimar. A tática que ele também utiliza é nos apresentar meias verdades, porque o demônio é um mentiroso, enganador, trapaceiro. Ele nos apresenta algo que parece muito bom, quando, na verdade, é muito ruim.

O maligno diz que por causa dos seus pecados, você não consegue fazer nenhuma tentativa para ser mais santo. Muitas vezes nós pensamos que as tentações são somente relacionadas ao sexo, à raiva, aos sentimentos de ódios. Essas são grandes tentações. Mas temos de estar atentos a uma grande tentação que é não fazer a vontade de Deus.

O inimigo faz de tudo para que nós saiamos do caminho da vontade do Senhor. Ele ousou tentar Jesus a desobedecer ao Pai, quando O levou ao alto do monte e mostrou-Lhe as cidades, dizendo que elas pertenciam a Ele [Jesus]. A tentação do inimigo a Cristo era muito atraente. O Pai dizia para o Filho ir para a cruz e o inimigo pedia que Ele desobedecesse ao Pai e tomasse posse daquelas cidades. Mas Nosso Senhor Jesus Cristo diz: “Afasta-te de mim, satanás. Eu adoro somente ao Pai”.

Irmãos e irmãs, será uma luta até o fim de nossa vida, mas se nós usarmos as armas não precisaremos ter medo nenhum. A primeira arma é a Eucaristia. O inimigo treme diante da Eucaristia, porque ela é sinal de humildade. Jesus quis, por um momento, aniquilar a Si mesmo, entrando nas espécies do pão e do vinho para ficar perto de nós. Uma outra arma forte contra o inimigo é o Sacramento da Confissão. Este sacramento é mais poderoso do que a própria oração do exorcismo.

Momentos de desânimo podem acontecer em nossas vidas. Quando isso acontecer se agarre a Virgem Maria. Um jovem teve uma visão na qual ele precisava construir uma barco para atravessar o oceano. Enquanto ele construía este objeto as pessoas diziam que ele não iria conseguir e que ele não conseguiria vencer a fúria do mar. Até que aquele rapaz terminou de construí-lo e começou a remar em direção à longa jornada no oceano. Mas um amigo disse a ele: “Meu amigo, tenha coragem. Seja forte!” E aquele jovem olhou somente para aquele homem que estava dando força para que ele continuasse. E toda vez que ele sentia o desânimo se aproximar ele se lembrava daquelas palavras do amigo.

Muitos poderão nos chamar de doidos, de loucos, mas há uma Maria que está gritando em nossos ouvidos: “Boa viagem! Não tenhais medo do inimigo. Não desanimem porque a vitória é nossa. Uma vez que Jesus Cristo derrotou o inimigo, com o Senhor nós também o derrotaremos.” A Santíssima Virgem Maria nos diz hoje: “Eu estarei com vocês. Não tenham medo. Vão em frente. Vocês serão vencedores!”

Rogue pela intercessão da Mãe, clamando: Maria, nós cremos em Ti, porque Tu és nossa Mãe. Nenhuma mãe deixará o filho em perigo sem dar a ele uma mão, sem ajudá-lo. Maria, sabemos que Tu estás conosco, e por causa de Ti nos sentimos seguros.

Nossa Senhora nos diz: “Faça tudo o que Ele lhe disser. Vá em frente. Não desanime! .

Lembre-se das palavras de Jesus: ‘Eu sou, porque nada é impossível para aquele que crê’”

 

Frei Elias Vella
Franciscano conventual, líder da RCC na Ilha de Malta

Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?e=11577

 

 


A CONFISSÃO: CONFESSAI-VOS BEM – Parte I

agosto 26, 2009

confissão

O SACRAMENTO DA CONFISSÃO.

CONFESSAI-VOS BEM !!!

1. O principal motivo da perdição.

Discípulo — Padre, poderia explicar-me a razão deste título?

Mestre — Chamei-o assim por causa do fato seguinte:

Conta-se certa moça, tendo caído por desgraça num desses pecados que tanto envergonham na confissão, vivia triste e desconsolada. Passaram-se assim muitos meses, sem que nenhuma das companheiras da coitada descobrisse a causa de tanta aflição. Nesse ínterim, aconteceu que a sua melhor amiga, muito virtuosa e devota, morreu santamente. Uma noite, a chamam pelo nome, quando está no melhor do sono; reconhece perfeitamente a voz da amiguinha morta que vai repetindo: Confesse-se bem… se você soubesse o quanto Jesus e bom!

A moça tomou aquela voz por uma revelação do céu, criou coragem e, decidida, confessou o pecado que era a causa de tanta vergonha e de tantas lágrimas. Naquela ocasião, tamanha foi a sua comoção, tão grande o seu alívio que depois disso, contava o fato a todo o mundo, e repetia por sua vez: “Experimentem e vejam o quanto Jesus é bom”.

D. — Muito bem! — acredito nisso plenamente, porque, já fiz mais de cem vezes a experiência de tal verdade.

M. — Pois então agradeça a Deus de todo o coração e continue a fazer boas confissões. Ai daquele que envereda, pelo caminho do sacrilégio! É essa a maior desgraça que nos pode acontecer, porque dela não teremos mais a força de nos afastar, e assim prosseguiremos, talvez até à morte, precipitando-nos no abismo da perdição eterna.

D. — É assim tão nefanda uma confissão mal feita?

M. — É o principal motivo, a causa capital da perdição!

D. — Deveras?

M. — Assim é, infelizmente! São as confissões mal feitas o motivo pelo qual tantas pessoas perdem suas almas e vão para o inferno.

D. — Mas não há exagero nisso?

M. — Exagero nenhum, e nem sou eu quem o diz: afirmam-nos os Santos que melhor conhecem as almas e viu-o Santa Teresa em uma visão.

Estava a Santa rezando, quando, de repente abrem-se diante dos seus olhos uma voragem profunda, cheia de fogo e de chamas; e nesse abismo precipitam-se com abundância, como neve no inverno, as pobres almas perdidas.

… são as confissões mal feitas o motivo pelo qual tantas pessoas perdem suas almas e vão para o inferno!…

Assustada, a Santa levanta os olhos ao céu e:

 — Meu Deus, exclama, meu Deus! O que é que eu estou vendo? Quem são elas, quem são todas essas almas que se perdem? Com certeza devem ser as almas dos pobres infiéis.

 — Não, Teresa, não! Responde o Senhor. As almas que neste momento vês precipitarem-se no inferno com o meu consentimento, são, todas elas, almas de cristãos como tu.

 — Mas então devem ser almas de pessoas que não acreditavam, que não praticavam a Religião, que não freqüentavam os Sacramentos!

Não, Teresa, não! Fica sabendo que essas almas pertencem todas a cristãos batizados como tu, e, que, como tu, eram crentes e praticantes…

— Mas se assim é, naturalmente essa gente nunca se confessou, nem mesmo na hora da morte…

No entanto, são almas que se confessavam, e confessaram-se também antes de morrer…

— Por qual motivo então, ó meu Deus, são elas condenadas?

São condenadas porque se confessaram mal…

Vai Teresa, conta a todos esta visão e recomenda aos Bispos e Sacerdotes que nunca se cansem de pregar sobre a importância da confissão e contra as confissões mal feitas, afim de que os meus amados cristãos não transformem “o remédio em veneno; afim de que não se sirvam mal desse sacramento, que é o sacramento da misericórdia e do perdão.”

D. — Pobre Jesus!… São assim tão numerosas as confissões mal feitas?

M. — S. Afonso, S. Felipe Néri, S. Leonardo de Porto Maurício, afirmam unanimemente que, infelizmente, o número das confissões mal feitas é incalculável. Eles, que passaram à vida no confessionário e à cabeceira dos moribundos, sabem dizer a pura verdade. E nós que erramos, de terra em terra, pregando exercícios e missões, somos obrigados a afirmar a mesma coisa.

O célebre Padre Sarnelli, na sua obra “O mundo santificado” exclama: “Infelizmente são incalculáveis as almas que fazem confissões sacrílegas: sabem disso, em parte, os Missionários de longa experiência, e cada um de nós virá sabê-lo, com grande pasmo, no vale de Josafá. Não só nas grandes capitais, mas nas cidades menores, nas comunidades, no meio daqueles que passam por piedosos e devotos encontram-se em grande número os sacrílegos…”

O Padre Tranquillini, da Companhia de Jesus, tendo sido chamado à cabeceira duma senhora gravemente enferma, acode com solicitude e a confessa: mas, chegada à hora da absolvição, ele sente qualquer coisa que, como se fosse uma mão de ferro, o impede de prosseguir.

— Minha senhora, diz ele, talvez se tenha esquecido de alguma coisa…

— Impossível, Padre, estou me preparando há oito dias…!

Depois de algumas preces, tenta uma segunda vez; mas, a mesma mão o impede de novo.

— Desculpe, minha senhora, replica o Padre, talvez a senhora não ouse confessar algum pecado…

— O quê diz, Padre? Isso me ofende. Como pode supor que eu queira cometer um sacrilégio?

Torna a tentar pela terceira vez a absolvição e ainda uma vez aquela força invisível o impede de agir. Não podendo compreender qual o mistério que se escondia num fato tão extraordinário, cai de joelhos, e, chorando, suplica àquela senhora, que não se traia, que não seja a causa da própria perdição.

— Padre, exclama ela então, Padre, há quinze anos que eu me confesso mal! Veja, portanto, como é fácil achar-se quem se confessa mal!

D. — Chega, Padre, isto me faz estremecer.

M. — Antes tremer aqui do que queimar no inferno: e, falando disso, lembro-me de outro exemplo. São João Bosco, numa obra sobre a confissão diz textualmente: “Eu vos afirmo que enquanto escrevo, minha mão treme, porque eu penso no número de cristãos que vão para a perdição eterna, somente por terem escondido, ou por não terem exposto sinceramente os seus pecados na confissão”!

D. — O senhor disse também: por não terem exposto sinceramente os seus pecados?

M. — Certamente! Aquele que, por exemplo, confessa só os maus pensamentos, quando além disso cometeu ações ou atos impuros; aquele que confessa ter cometido tais atos sozinho, quando os cometeu com outros; aquele que esconde o número conhecido de suas faltas; aquele que, interrogado pelo confessor não diz a verdade; todos esses fazem más confissões.

D. — O quê é que pensam os que assim procedem?

M. — Pensam que no futuro poderão remediar, isto é, confessam-se para viver como diz São Felipe Néri, quando toda e qualquer confissão devia ser feita como se fosse a última, como se nos preparássemos para a morte.

Um dia uma mulher do povo confessou-se com um célebre Missionário: de volta do confessionário, ela passou casualmente por cima de uma laje que cobria uma sepultura. A laje, gasta pelo tempo, cedeu, e a mulher caiu lá em baixo, no meio dos ossos e dos esqueletos. Imagine o susto de todas as pessoas que acudiram; mas isso não foi nada, comparado ao terror o aos berros da coitada! Logo depois que, com muito esforço e trabalho conseguiram tirar a mulher dali, ela, que escapou ilesa, voou para o confessionário e:

— Padre, padre, até hoje eu só me tinha confessado para viver, mas agora que eu vi a morte diante do mim quero confessar-me como se eu fosse morrer – e tornou a fazer, tremendo, aquela confissão que, momentos antes, tinha feito mal.

D. — Ah! o pensamento da morte é terrível.

M. — É terrível sim, mas muitíssimo salutar e é pior isso que, cada vez que nos confessamos, devíamos tê-lo na mente.

Dentre os inúmeros fatos maravilhosos que se contam na história de D. Bosco destaca-se este: No Salesiano de Turim faziam-se os santos exercícios espirituais, e, todos os presentes, alunos e internos com a máxima seriedade, muito piedosos, rezavam com fervor e colhiam os frutos de suas preces para o bem de suas almas. Enquanto esses cumpriam o seu piedoso dever, um jovem, refratário a toda e qualquer suplica e aos mais afetuosos cuidados de D. Bosco e dos demais superiores, teimou em não se querer confessar nem mesmo naquela circunstância. Os bons Padres tinham feito todo o possível para convencê-lo, mas inutilmente. Ele repetia sempre: “Em qualquer outra ocasião, sim, mas agora não! Vou pensar nisso depois… Agora não sei tomar uma resolução”!

Com essa desculpa, chegou ao último dia das cerimônias; D. Bosco, então recorreu a um estratagema. Escreveu numa folha de papel estas palavras: “… e se você morresse durante a noite?!…” e escondeu-a entre o lençol e o travesseiro do rapaz. Cai à noite: todos se vão deitar, e o nosso jovem, despreocupado, também se despe, mas eis que quando vai entrar na cama encontra a tal folha. Um oh! de espanto que ele não pode conter lhe sai dos lábios; pega no papel olha-o, vira-o e revira-o e, por fim, descobrindo que há nele qualquer coisa escrita, arregala os olhos e lê: “… e se você morresse durante a noite”… D. Bosco.

D. Bosco! Exclama ele; mas D. Bosco é um santo… Ele conhece o futuro… Talvez aconteça isso mesmo! E se eu morresse durante a noite? ‘ Mas eu não quero morrer, não: quero viver, quero viver e… Enquanto isso, para que os companheiros não reparem, ele se deita, cobre-se e cheio de coragem, tenta pegar no sono. Qual nada! Adormecer naquele estado? Com aquelas palavras que o atormentavam como se fossem espinhos agudos? É impossível! Ele vira e revira na cama, fecha os olhos com força, mas… tudo inútil; ouve sem cessar, cada vez mais vivo, cada vez mais forte, o som daquelas palavras; ele imagina, como se visse o inferno aberto e Jesus que o condena, e diz: “Pobre de mim! E se eu morresse mesmo?…” Um arrepio gelado corre-lhe pela espinha, ele sua frio…

— Ah, não — exclama, — eu não quero ir para o inferno, eu quero me confessar…

Invoca a proteção de Maria Auxiliadora, do seu Anjo da Guarda e depois, decidido, veste-se, sai devagarzinho, desce a escada, atravessa corredores, sobe para o quarto de D. Bosco e bate na porta.

D. Bosco, que, como bom padre o esperava, abre a porta e:

— Quem é você?… A estas horas?… O que é que você quer?  

— Oh! D. Bosco, eu quero confessar-me!

— À vontade! se você soubesse com que ansiedade eu o esperei!
 

Introduzido na antecâmara, o rapaz cai de joelhos e, depois de feita a confissão, com o perdão de Jesus volta feliz e tranqüilo para a cama. E já não tem medo! O pensamento da morte já não o assusta e ele diz: “Como estou contente! Mesmo que eu tenha que morrer que importa se eu recuperei a graça, se eu tornei a ser amigo de Jesus”! Adormece serenamente e sonha… vê o céu aberto, os Anjos jubilosos que voam levíssimos, entoando os cânticos mais lindos, os mais belos hinos! Que rapaz de sorte!

M. — De sorte são todos aqueles que acreditam no grande bem da confissão e se servem dela, impedindo assim a própria perdição; enquanto que é bem diferente o caso da infeliz de quem lhe vou falar. São Leonardo de Porto Maurício, acode à cabeceira de uma moribunda, acompanhado por um frade leigo. Depois de confessada a doente, o padre sai sossegado, e, reunindo-se ao companheiro que o esperava no quarto vizinho, apronta-se para sair, quando este, muito triste e assustado lhe diz:

— “Padre Leonardo, o quê significa aquilo que eu vi?”

— O que é que você viu?

— Eu vi uma mão horrendamente negra que vagava pela antecâmara; e, assim que o senhor saiu ela entrou, rápida como um raio, no quarto da doente.

Diante de tal história São Leonardo volta para trás, torna a entrar no quarto e oh! que cena terrível. Aquela mão negra estrangulava aquela desgraçada que, com olhos fora das órbitas, e a língua caída, morria gritando: “Malditos sejam os sacrilégios… Malditos sejam os sacrilégios…”

D. — Oh, Padre, então é mesmo verdade que as confissões mal feitas são a causa principal da perdição!

M. — Por conseguinte, guerra à mentira e sinceridade absoluta na confissão.

 Fonte: http://www.derradeirasgracas.com/3.%20Vários%20Assuntos/CONFESSAI-VOS%20BEM/1.%20O%20principal%20motivo%20da%20perdição..htm


Amor, Perdas, Partidas e Saudade.

agosto 25, 2009

RESPEITO COM QUE SE DEVE ASSISTIR À SANTA MISSA.

agosto 25, 2009

respeito a santa missa

RESPEITO COM QUE SE DEVE

ASSISTIR À SANTA MISSA.

         Diz o Concílio de Trento: “Se somos, forçosamente, obrigados a confessar que os fiéis não podem exercer obra mais Santa nem mais divina do que este Mistério terrível, no qual a Hóstia vivificadora, que nos reconciliou com Deus Pai, é, todos os dias, imolada pelos sacerdotes, parece bastante claro que devemos ter muito cuidado para fazer esta ação com grande pureza de coração e com a maior devoção exterior possível”. Estas palavras dizem respeito tanto aos fiéis como ao celebrante.

         O historiador Flávio Josefo relata que, no templo de Salomão, setecentos sacerdotes e levitas estavam ocupados, todos os dias, em imolar as vítimas, em purificá-las, em queimá-las sobre o altar, e que isto se fazia com profundo silêncio e perfeito respeito. Entretanto, estes sacrifícios eram somente símbolos do Sacrifício da Santa Missa. Com que fervor, com que silêncio e atenção devemos assistir, pois, ao sacrifício verdadeiro!

         Os primeiros cristãos nos deram admiráveis exemplos a este respeito. Segundo o testemunho de S. João Crisóstomo, ao entrar na Igreja, beijavam, humildemente, o assoalho e guardavam, durante a Santa Missa, tal recolhimento que se julgava estar em lugar deserto.

         Era de observar o preceito da liturgia de S. Tiago: “Todos devem se conservar no silêncio, no temor, no medo e no esquecimento das coisas terrestres, quando o Rei dos reis, Nosso Senhor Jesus Cristo, vem imolar-se e dar-se em alimento aos fiéis”.

         São Martinho conformou-se, exatamente, com esta recomendação. Nunca se sentava na igreja; de joelhos, ou em pé, orava com ar compenetrado de um santo assombro. Quando lhe perguntavam pela razão desta atitude, costumava dizer: “Como não temeria, visto que me acho em presença do Senhor?”.

         Como outrora a Moisés, Deus poderia ainda dizer-nos hoje: “Tirai os sapatos de vossos pés, porque o lugar onde estais é Santo”. Mais santas ainda são as nossas igrejas sagradas, com tanta profusão de unções e orações, e santificações, cada dia, pela oblação do Santo Sacrifício.

         Caro leitor, David eleito de Deus, tremendo, aproximava-se da Arca da Aliança, e nós não tremeríamos, ao entrar na igreja, onde se acha o Santíssimo Sacramento? Não nos esqueçamos da severa advertência do Senhor: “Tremei diante de meu santuário” e da exclamação de Jacó: “Quanto é terrível este lugar! É, verdadeiramente, a casa de Deus e a porta dos céus” (Gen. 28, 17).

         À vista disto, que pensar dos cristãos que se comportam, na igreja e durante a Santa Missa, como se estivessem na rua, ou em casa? Os Anjos adoram, tremendo e prostrados, a divina Majestade, e entre os assistentes há cristãos que lançam, aqui e acolá, olhares curiosos e provocadores; ocupam-se das pessoas presentes, pensam nos negócios do mundo, nas suas vaidades, falam sem pudor em coisas inúteis, talvez, más, semelhantes aos vendedores no templo que “faziam da casa de oração uma casa de ladrões”. As nossas igrejas são mais que uma casa de oração: são a casa de Deus, habitada por Jesus Cristo, dia e noite.

         Ora, se o próprio Jesus expulsou, a chicote, os profanadores do templo, como tratará estes cristãos audaciosos?

         Dizes: “É mister responder a quem interroga”.

         – Não é proibido responder a uma pergunta útil nem dizer uma palavra necessária; é proibido, conversar coisas inúteis, fazer observações sobre o próximo, saudar-se mutuamente, como se estivesse na rua, e outras coisas semelhantes que impedem seguir, atentamente, a Santa Missa.

         Jesus Cristo nos preveniu: “Os homens darão conta, no dia do Juízo, de toda palavra ociosa” (Mt. 12, 36). Ora, haverá palavras mais inúteis do que as proferidas durante o tremendo Mistério do Altar?

         São Crisóstomo opina que os que falam e riem, durante a Santa Missa, merecem ser fulminados na Igreja. Com esta ameaça, o santo Doutor aponta também os que, por direito e dever, deveriam impedir as irreverências: os pais que não repreendem nem corrigem os filhos dissipados; os mestres e amos que não vigiam a atitude de seus alunos e criados.

         Testemunhamos ainda nosso respeito, assistindo à Santa Missa, de joelhos. São Paulo nos convida, quando diz que, “ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e nos infernos” (Fl. 2, 10). Com mais razão ainda, devemos guardar esta atitude durante a presença real do divino Salvador, isto é, desde a elevação até a Comunhão.

         Muitas pessoas, homens sobretudo, têm o mau costume de ficar em pé durante toda Missa; apenas inclinam-se à consagração para levantar-se logo depois, como se Jesus não estivesse presente.

         Quem não puder permanecer de joelhos durante toda a Missa, poderia ficar em pé até o momento da consagração e depois da Comunhão. A presença real de Nosso Senhor torna também inconveniente o costume de muitas pessoas de sentarem-se, sem motivo de força maior, imediatamente depois da elevação. Se estivessem na presença dos grandes da terra, em alguma reunião mundana, a força não lhes faltaria, mesmo para tomar atitudes muito mais penosas do que a de estar de joelhos!

         A piedosa imperatriz Leonor, esposa de Leopoldo I, assistia sempre, de joelhos, à Santa Missa. Quando lhe aconselhavam poupar a saúde e servir-se duma cadeira de braços, dizia: “Todos se inclinam diante de mim, pobre pecadora, ninguém de minha corte ousaria sentar-se em minha presença, e teria eu a coragem de fazê-lo em presença de meu Deus e Criador?”

         Aconselharíamos, de boa vontade, às mães, que não trouxessem à Missa os pequenitos que, com os choros, poderiam perturbar o silêncio e incomodar o sacerdote no altar: quanto aos que estão bastante crescidos para aí ficarem quietos, é muito bom conduzi-los.

         Terminando, reprovamos ainda outro deplorável abuso: o das senhoras e moças que vão à Missa vestidas à última moda, às vezes bastante indecente para lugar tão santo. Estas pessoas não medem a imensa dívida que contraem para com Deus. Jesus Cristo, do alto da cruz, parece dizer-lhes: “Vê, minha filha, estou atado a este lenho, inundado de sangue, coberto de chagas, para pagar o escândalo de teus trajos inconvenientes. Tu, por ironia cruel, apareces aqui ostentando a elegância; não te envergonhas de mostrar-te a meus fiéis? Toma cuidado para que teu luxo e tua vaidade não te lancem ao fogo do inferno!”

         A garridice, o luxo é como um archote que acende desejos ilícitos até no coração dos justos; que fogo não acenderá nos levianos e impuros! As pessoas adornadas com tanto cuidado são sempre perigosas: desviam do altar a atenção dos homens e são a causa de distrações e pensamentos criminosos. Quem prepara o veneno comete um pecado mortal, mesmo que não o tome aquele a quem é destinado; o mesmo acontece com estas pessoas: pecam pelo único fato de expor os outros à tentação. Sua falta é ainda mais escandalosa, quando assim se apresentam na Santa Missa. Como responderão por suas vítimas no dia do Juízo? Acrescenta a isso que são uma ocasião de pecado para outras senhoras, a quem servem de figurinos de imitação.

         Terminamos, caro leitor, com uma súplica: […] lê e relê com atenção. Teu amor para o divino Sacrifício e a Santa Comunhão crescerão, porque, de mais a mais, compreenderás a excelência da Santa Missa, e o tesouro imenso que lucras, assistindo a ela fielmente.

         Será, porém, na hora da morte, principalmente, que experimentarás quanto o Senhor é bom para os que honram os sagrados Mistérios do Altar, ao passo que os indiferentes e tíbios meditarão, num amargo, mas inútil arrependimento, o prejuízo que fizeram a seus interesses eternos.

         Rogamos a Deus que, por Nosso Senhor Jesus Cristo, seu Filho único, e pela virtude do Espírito Santo, esclareça a inteligência e fortifique a vontade dos que lerão estas linhas, a fim de que aproveitem para sua alma e nos façam participar de suas orações, no Santo Sacrifício.

 Fonte: http://www.derradeirasgracas.com/2.%20Segunda%20Página/O%20Poder%20da%20Santa%20Missa/Respeito%20com%20que%20se%20deve%20assistir%20à%20santa%20Missa..htm


Exemplo de Vida – Andressa Duarte [Sinta-se Útil] – Oficial

agosto 24, 2009

UMA HISTÓRIA DE AMOR

agosto 24, 2009

Uma história de amor

uma história de amor

Ele quase não viu a senhora, com o carro parado no acostamento.
Chovia forte e já era noite. Mas percebeu que ela precisava de ajuda. Assim
parou seu carro e se aproximou.
O carro dela cheirava a tinta, de tão novinho. Mesmo com o sorriso que ele
estampava na face, ela ficou preocupada. Ninguém tinha parado para ajudar
durante a última hora.

Ele iria aprontar alguma?

Ele não parecia seguro, parecia pobre e faminto. Ele pode ver que ela estava
com muito medo e disse:
– Eu estou aqui para ajudar madame, não se preocupe.
Por que não espera no carro onde está quentinho?
A propósito, meu nome é Renato.
Bem, tudo que ela tinha era um pneu furado, mas para uma senhora de idade
avançada era ruim o bastante. Renato abaixou-se, colocou o macaco e levantou
o carro. Logo ele já estava trocando o pneu. Mas ficou um tanto sujo e ainda
feriu uma das mãos.

Enquanto apertava as porcas da roda ela abriu a janela e começou a
conversar com ele. Contou que era de São Paulo e que só estava de passagem
por ali e que não sabia como agradecer pela preciosa ajuda. Renato apenas
sorriu enquanto se levantava.
Ela perguntou quanto devia.
Qualquer quantia teria sido muito pouco para ela. Já tinha imaginado todos
as terríveis coisas que poderiam ter acontecido se Renato não tivesse
parado e ajudado.
Renato não pensava em dinheiro, aquilo não era um trabalho para ele. Gostava
de ajudar quando alguém tinha necessidade e Deus já lhe havia ajudado
bastante. Este era seu modo de viver e nunca lhe ocorreu agir de outro modo.
E respondeu:

– Se realmente quiser me pagar, da próxima vez que encontrar alguém que
precise de ajuda, dê para aquela pessoa a ajuda de que ela precisar.

E acrescentou: … e lembre-se de mim. Esperou até que ela saísse com o
carro e também se foi. Tinha sido um dia frio e deprimente, mas ele se
sentia bem, indo para casa, desaparecendo no crepúsculo.
Alguns quilômetros abaixo a senhora parou seu carro num pequeno
restaurante.
Entrou para comer alguma coisa.
Era um restaurante muito simples, e tudo ali era estranho para ela. A
garçonete veio até ela e trouxe-lhe uma toalha limpa para que pudesse
esfregar e secar o cabelo molhado e lhe dirigiu um doce sorriso, um sorriso
que mesmo os pés doendo por um dia inteiro de trabalho não pode apagar.
A senhora notou que a garçonete estava com quase oito meses de gravidez,
mas ela não deixou a tensão e as dores mudarem a sua atitude.
A senhora ficou curiosa em saber como alguém que tinha tão pouco, podia
tratar tão bem a um estranho. Então se lembrou de Renato.
Depois que terminou a sua refeição, e enquanto a garçonete buscava troco
para a nota de cem reais, a senhora se retirou. Já tinha partido quando a
garçonete voltou.
A garçonete ainda queria saber onde a senhora poderia ter ido quando notou
algo escrito no guardanapo, sob o qual tinha mais 4 notas de R$ 100.
Existiam lágrimas em seus olhos quando leu o que a senhora escreveu.
Dizia: – Você não me deve nada, eu já tenho o bastante. Alguém me ajudou
hoje e da mesma forma estou lhe ajudando. Se você realmente quiser me
reembolsar por este dinheiro, não deixe este círculo de amor terminar com
você, ajude alguém.
Bem, havia mesas para limpar, açucareiros para encher, e pessoas para
servir, e a garçonete voltou ao trabalho.
Aquela noite, quando foi para casa cansada e deitou-se na cama, seu marido
já estava dormindo e ela ficou pensando no dinheiro e no que a senhora
deixou escrito.
Como pôde aquela senhora saber o quanto ela e o marido precisavam disto?
Com o bebê que estava para nascer no próximo mês, como estava difícil!
Ficou pensando na bênção que havia recebido, deu um grande sorriso,
agradeceu a Deus e virou-se para o preocupado marido que dormia ao lado,
deu-lhe um beijo macio e sussurrou:
Tudo ficará bem; eu te amo Renato !

Fonte: http://www.cot.org.br/refletir.php?action=ver&id=66

A BIBLIA NO MEU DIA A DIA – LUCAS 4, 1-4

agosto 23, 2009

O SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA

agosto 23, 2009

missal

O SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA

PELAS ORIGENS DA SANTA MISSA

Apresentamos a nossos leitores mais um trabalho de Francisco Lafayette de Moraes escrito na intenção de todos os católicos que, tendo tomado conhecimento da Missa de São Pio V, voltaram a freqüentá-la, a estudá-la e a fazer do Santo Sacrifício da Missa uma fonte de vida espiritual.

Como o modernismo instalado na Igreja deturpa as almas com seus erros, com seus ritos heretizantes, parece necessário devolver a elas a base que já não recebem mais no catecismo. Por isso o autor apresenta de modo suscinto o essencial sobre a Santa Missa, frizando seu duplo caráter, de verdadeiro sacrifício e de sacramento instituído para a nossa salvação.

APRESENTAÇÃO.

Este trabalho é a ordenação de trechos de várias obras, de vários autores (ver Bibliografia), que mostraram e provaram que a Missa enquanto sacrifício estava predita desde o Antigo Testamento, e, ainda, que Jesus anunciou – prometeu e instituiu o sacrifício-sacramento, tendo os Santos Padres da Igreja, desde os primórdios do Cristianismo, sempre ensinado aquilo que hoje é dogma de fé: Missa é sacrifício com a presença real (física) da Sagrada Vítima.

Se os dogmas relativos à Missa — isto é, o de ser a Missa um verdadeiro sacrifício, o da presença real, e o relativo ao sacerdócio ministerial — só foram formulados pelo Concílio de Trento, isto não significa que aquele Concílio do século XVI formulou uma doutrina nova, mas que tornou explícita a doutrina que até então havia sido sempre tacitamente aceita, e o fez em função da heresia protestante que negou, como ainda hoje nega, que a Missa seja sacrifício, querendo eles que seja um simples memorial do Senhor; negam, ainda, os protestantes a “presença real” e o “sacerdócio ministerial”.

Hoje, depois do Concílio Vaticano II, quando muitos prelados da Igreja Católica, e até mesmo altos prelados, por terem assimilado a heresia protestante, apresentam a Missa como um memorial da Ceia do Senhor, entendi ser proveitoso compilar, para ajudar a combater a heresia progressista, o que outros autores com sabedoria e profundidade já haviam escrito para demonstrar que a Missa enquanto sacrifício está inserida no Deposito da Fé católica, estando predita no Velho Testamento e confirmada no Novo Testamento.

        Rio de Janeiro, no ano de 1992.

            Francisco Lafayette de Moraes.

        01 – EUCARISTIA: SACRIFÍCIO E SACRAMENTO

Nosso Senhor Jesus Cristo, na Última Ceia, ao instituir a Eucaristia, transubstanciou o pão em seu Corpo e o vinho em seu Sangue, um separado do outro, e ofereceu ali o mesmo sacrifício que realizaria na Cruz, onde o seu Sangue foi separado do seu Corpo, derramado por nós, em remissão dos pecados. Depois de ter-Se imolado na Santa Ceia, Ele se deu a Si mesmo aos Apóstolos ao levá-los a participar da consumação do seu Corpo e do seu Sangue. A Eucaristia é, assim, ao mesmo tempo, sacrifício e sacramento.

EUCARISTIA ENQUANTO SACRIFÍCIO (*1)

Enquanto sacrifício a Eucaristia é o Sacrifício da Missa, o sacrifício da Nova Lei no qual Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo ministério do sacerdote, se oferece a Si mesmo a Deus, de maneira incruenta, sob as aparências do pão e do vinho. (*2)

EUCARISTIA ENQUANTO SACRAMENTO

Enquanto sacramento a Eucaristia é o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo (*3), que é dado àqueles que O querem, e podem, receber como alimento espiritual. (*4)

02 – SACRIFÍCIO É FAZER O SAGRADO.

A religião é um culto que nos liga a Deus por um perfeito sujeitamento de nós mesmos ao Ser supremo, e que nos faz relacionar à Sua glória tudo o que nós somos e tudo o que nós fazemos; e a religião nos faz cumprir, de modo particular, este dever indispensável pelo sacrifício, que é uma oblação feita a Deus para reconhecer seu soberano domínio sobre tudo o que foi criado.(*5)

O sacrifício é, portanto, a expressão privilegiada da virtude da religião e, segundo a etimologia da palavra, sacrifício consiste em fazer o sagrado (sacrum facere), diz-nos São Tomás de Aquino, isto é, separar para Deus.(*6)

Os homens sempre foram inspirados, pelas luzes da razão natural, a considerar o sacrifício como o primeiro de todos os atos essenciais à religião.(*7)

De fato, desde a origem da humanidade, vemos o homem oferecer a Deus sacrifícios e exprimir desse modo sua religião. Mesmo depois do pecado original, permaneceu no homem a consciência de um dever: o de render culto ao Senhor. Tão universal era essa voz interior que não houve um tempo, remoto que fosse, ou região por demais longínqua, em que não se prestasse um culto e não se oferecesse um sacrifício a Deus.

Assim, Caim e Abel ofereceram a Deus frutos da terra e animais (*8) e Noé saindo da arca levantou um altar, tomou de todos os animais puros e os ofereceu ao Senhor em holocausto sobre aquele altar. (*9)

O sacrifício exterior consiste, pois, em oferecer a Deus uma coisa sensível e exterior para ser destruída ou para que sofra uma mudança qualquer, o que é feito por quatro razões que são os quatro fins do sacrifício:

> reconhecer o soberano domínio de Deus sobre todas as criaturas;

> reconhecer a nossa dívida para com a justiça divina e obter o perdão dos pecados;

> agradecer a graça recebida; e

> pedir a graça que necessitamos. (*10)

03 – OS SACRIFÍCIOS DA ANTIGA LEI.

TIPOS – FINALIDADES – COMO ERAM FEITOS

Sob a Lei de Moisés havia quatro sacrifícios: o holocausto, o sacrifício propiciatório, o sacrifício eucarístico e o sacrifício impetratório. (*11)

HOLOCAUSTO.

As vítimas eram oferecidas em holocausto em reconhecimento ao soberano domínio de Deus sobre todas as criaturas (*12). O holocausto consistia em queimar a vítima de tal forma que ninguém a pudesse comer, para render, por essa consumação total, uma homenagem plena e sem reservas ao soberano domínio de Deus. (*13)

SACRIFÍCIO PROPICIATÓRIO.

O sacrifício propiciatório era oferecido para a expiação de qualquer pecado e de forma a tornar Deus propício (*14). Este sacrifício era também denominado “hóstia pelo pecado” (*15), sendo a vítima muitas vezes unida ao holocausto (*16), e essa vítima era então dividida em três partes; sendo que uma era consumida sobre o altar dos holocaustos, a outra era queimada fora do acampamento (*17), e a terceira era comida pelos sacerdotes (*18).

Aqueles que ofereciam as vítimas pelos seus pecados não as podiam comer; e quando os sacerdotes ofereciam por eles mesmos ninguém as consumia. (*19)

SACRIFÍCIO EUCARÍSTICO.

O sacrifício eucarístico era oferecido para agradecer a Deus qualquer favor considerável que fosse recebido (*20). Eram sacrifícios de louvor, de ação de graças.

SACRIFÍCIO IMPETRATÓRIO.

O sacrifício impetratório (*21) era feito para pedir a Deus qualquer graça importante. (*22)

Os sacrifícios eucarísticos e impetratórios, também chamados de “pacíficos”, se distinguiam da “hóstia pelo pecado” apenas pelo fato de que o povo e os sacerdotes deviam participar consumindo uma parte da vítima.(*23)

SACRIFÍCIOS DESAGRADÁVEIS A DEUS.

Ainda que esses sacrifícios fossem ordenados pela lei divina, eles não passavam de sinais incapazes, por eles mesmos, de agradar à Deus (*24).

Quando esses sacrifícios eram oferecidos por santos como haviam sido Abel (*25), Abraão, Job e todos aqueles homens de fé que haviam vivido na espera do Messias, então tais sacrifícios eram agradáveis a Deus que os recebia como um suave aroma, segundo a expressão da Escritura. (*26)

Mas quando os sacerdotes se limitavam à cerimônia exterior, alijando (eliminando, expulsando) do sacrifício, o espírito que lhe trazia todo o mérito, os holocaustos não podiam agradar a Deus, pois, por mais atenção que os sacerdotes pudessem ter na escolha de animais sem mancha e sem defeito, tais sacrifícios não passavam de simples figuras inteiramente vazias e inanimadas. (*27)

E por serem sacrifícios que não agradavam a Deus, Santo Agostinho, no seu décimo-sétimo Livro da Cidade de Deus, referindo-se ao santo Sacrifício da Missa, diz: “Este Sacrifício foi estabelecido para tomar o lugar de todos os sacrifícios do Antigo Testamento” (*28), para tomar o lugar dos sacrifícios da Antiga Lei.

04 – A ANTIGA LEI É FIGURA DA NOVA LEI.

As personagens e toda a história do Antigo Testamento mais não foram que preparação e anúncio daquilo que Cristo e a sua Igreja deveriam realizar, quando chegasse a plenitude dos tempos (*29) e, por isso mesmo, na história do povo judeu estão consignados os desígnios de Deus acerca da salvação de todo o gênero humano:

> o afastamento de Esaú em benefício de Jacob mostra que não é a linhagem terrestre que importa, mas a escolha gratuita de Deus, que faz os eleitos;

> José, vendido por seus irmãos e salvando o Egito, é Jesus salvando o mundo, depois de ser rejeitado e traído pelos seus;

> Moisés, que arranca o seu povo à escravidão, e o conduz a terra prometida, é Jesus que nos liberta do cativeiro do pecado e abre as portas do Céu; (*30)

> o gesto de Abraão, que se prepara para imolar o filho, é o prenúncio do sacrifício que Deus exigirá a seu próprio Filho, para expiação das faltas cometidas pela humanidade; (*31) e

> Isaac, destinado à imolação e arrancado depois à morte, é a figura de Jesus, morto e ressuscitado. (*32)

O sacrifício prefigurado em Abraão e Isaac foi concretizado no Sacrifício da Cruz e é continuado pelo Sacrifício da Missa, que é o Sacrifício da Nova Lei. (*33)

05 – O SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA É PREFIGURADO DOIS MIL ANOS ANTES DE INSTITUÍDO.

Dentre todas as figuras da Eucaristia, enquanto sacrifício, existentes no Antigo Testamento nenhuma é tão recordada pela tradição como o sacrifício de pão e vinho oferecido por Melquisedeque (*34). Este relato do Gênesis está, por isso mesmo, apresentado mais abaixo e também, por força de uma razão ainda maior, porque nos Salmos (*35) e no Novo Testamento (*36) se diz expressamente de Nosso Senhor Jesus Cristo que Ele é sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque.

Com efeito, a Sagrada Escritura relaciona a oblação que Jesus fez de seu Corpo e Sangue, na Última Ceia, ao Pai, com o fato de ser Ele sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque (*37), como O chamou o rei David(*38). De modo que deve ser afirmado que a oblação de Melquisedeque foi verdadeiro tipo do sacrifício eucarístico, o que vale dizer que aquela não é apenas uma oblação semelhante, mas que Deus dispôs que Melquisedeque a fizera e assim nos fosse narrada no Gênesis, para que tivéssemos uma autêntica prefiguração da Eucaristia(*39).

Diz o Livro do Gênesis:

“18-Então, Melquisedeque, monarca de Salem, tomou pão e vinho, pois era sacerdote do Deus Altíssimo, 19 os benzeu, exclamando: ‘Bendito Abraão do Deus Altíssimo, criador do céu e da terra, 20 e bendito seja Deus Altíssimo, que entregou  os teus inimigos em tuas mãos!’ Depois do que Abraão lhe deu o dízimo de tudo”(*40).

Regressava Abraão depois de derrotar vários reis, que haviam(*41) aprisionado a seu sobrinho Lot e tudo que ele tinha, e Melquisedeque, rei e sacerdote (monarca de Salem…  sacerdote do Deus Altíssimo(*42)), saiu a seu encontro, ofereceu a Deus um sacrifício de pão e vinho que logo deu em convite a Abraão e aos seus e por fim abençoou a Abraão(*43).

A divina Providência, uns dois mil anos antes da efetiva instituição da Eucaristia, já havia tido o cuidado de figurar este Sacrifício e este Convite, que havia de ser o centro do culto cristão(*44): o santo Sacrifício da Missa e o Sacramento da Comunhão.

06 – O SACRIFÍCIO DA MISSA É PROFETIZADO POR DAVID.

O rei David dá a Jesus Cristo, no salmo 109, o título de Sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque, porque nosso divino Salvador irá empregar o pão e o vinho no Sacrifício da Nova Aliança, como outrora o havia feito Melquisedeque.

O rei profeta O chama Padre eterno porque pai Ele sempre será e porque o sacrifício que Ele irá instituir continuará a existir até o fim dos tempos graças ao sacerdócio católico.

POR MALAQUIAS.

O profeta Malaquias diz, no primeiro capítulo, versículo 11, que “depois do nascer e até o pôr do sol, será oferecido, em toda parte (*45) (em todo lugar (*46)) um sacrifício puro e sem mancha à majestade do Altíssimo”.

POR JEREMIAS

O profeta Jeremias, no capítulo 33, versículo 18, profetiza que “nunca se verá faltar os sacerdotes e os sacrifícios”. (*47)

E é a Igreja Católica, pelo ministério dos seus sacerdotes, que oferecerá até o fim dos tempos, em todos os lugares, o Sacrifício da Cruz, perpetuado pelo santo Sacrifício da Missa, conforme as profecias de David, Malaquias e Jeremias.

07 – DEUS ANUNCIA A SUBSTITUIÇÃO DOS ANTIGOS SACRIFÍCIOS DA LEI MOSAICA.

Malaquias, cronologicamente o último dos profetas chamados menores do Antigo Testamento, escreveu, de acordo com todos os dados, na época de Esdras e Nehemias, nos meados do século V antes de Cristo (*48), 500 anos antes da vinda do Senhor.

No começo da profecia de Malaquias, Deus insiste no amor que tem ao seu povo e, por sua vez, nos pecados daquele povo que explicavam os sofrimentos que haviam caído sobre ele. Refere-Se antes de tudo aos pecados dos sacerdotes os quais, contrariando as prescrições legais, ofereciam a Deus sacrifícios de animais defeituosos.

O Senhor anuncia que essas oblações não O agradam e que em lugar delas há de vir uma oblação extremamente pura que será oferecida a Deus em todo lugar, entre as nações; e os termos empregados mostram que se trata de uma “oblação sacrifical” e indicam, principalmente, a oblação de um sacrifício incruento.

Além disso, tendo em vista o conhecimento universal de Deus e uma vez que irão ser oferecidos sacrifícios agradáveis a Deus entre os gentios, fica caracterizado que Malaquias se refere aos tempos messiânicos.(*49)

Uma vez que toda a ordem do Antigo Testamento tinha em vista a ordem do Novo Testamento, dispôs admiravelmente o Espírito Santo que sua última profecia naquele Testamento se referisse à Sagrada Eucaristia, a qual, continuando o Sacrifício da Cruz, irá constituir o centro da vida cristã. Também é significativo que esta profecia se encontre em Malaquias, aquele que tão decididamente insistiu no amor de Deus a seu povo: “Os tenho amado”(*50), declara o Senhor Deus (Javeh).(*51)

Nos versículos 10 e 11 do capítulo 1 de Malaquias temos:

“10…Minha afeição não está  em vós, diz o Senhor Deus dos Exércitos e eu não receberei a oblação que vem de vossas mãos. 11 Eis que desde o nascer do sol até seu ocaso sacrificam a Mim em todo lugar e oferecem em  meu nome uma oblação toda pura, pois grande é o meu nome em todas as nações”.(*52)

Os mais antigos documentos cristãos têm uma predileção por esta profecia de Malaquias, cujo eco foi recolhido pelo Concílio de Trento(*53), ao dizer, a respeito do Sacrifício da Missa: “E esta é certamente aquela oblação pura, que não pode ser manchada por qualquer indignidade ou malícia dos ofertantes, a qual foi predita pelo Senhor, por Malaquias, que havia de ser oferecida pura, em todo lugar, ao seu nome, o qual havia de ser grande entre as gentes”.(*54)

08 – CHEGA O TEMPO DO NOVO SACRIFÍCIO.

O espírito que devia animar todas as cerimônias religiosas diminuía dia a dia, e a irreligião e a estupidez chegaram ao ponto culminante imediatamente antes da chegada do Messias.

O que, de fato, esperar dos fariseus que se detinham apenas nas exterioridades da lei? E, sobretudo dos saduceus, que dominavam o templo, que presidiam os sacrifícios e que não acreditavam na ressurreição?

Era, pois, o tempo em que as figuras deviam acabar e que, de acordo com a predição do Profeta-Rei(*55), Deus devia rejeitar os sacrifícios que haviam sido oferecidos, até então, apenas no templo de Jerusalém.(*56)

Era o tempo em que iam ser cumpridas as profecias do Antigo Testamento e, assim sendo, em seu encontro com a samaritana, Jesus Cristo anuncia um novo Sacrifício.

09 – JESUS CRISTO ANUNCIA UM NOVO SACRIFÍCIO.

Era o tempo de um novo sacrifício.

E era preciso um novo sacrifício que fosse necessariamente oferecido em espírito e em verdade.(*57)

E é este sacrifício que Jesus Cristo anuncia à samaritana, quando ela lhe coloca a questão relativa ao lugar onde se devia adorar(*58), isto é, sacrificar; porque a contenda (discussão, briga) entre os judeus e os samaritanos dizia respeito apenas ao lugar do culto exterior, das oblações e dos sacrifícios, e não sobre o lugar da prece e do sacrifício interior, pois todos estavam persuadidos que se podia rezar e se oferecer a Deus em toda parte.

Jesus Cristo entra no pensamento da samaritana e lhe diz que chegou a hora (*59) em que não mais se adorará, isto é, que não se sacrificará mais, nem sobre a montanha de Garizin, nem em Jerusalém; mas que existirão verdadeiros adoradores que adorarão o Pai em espírito e em verdade(*60), e que não ficarão mais restritos a um lugar em particular.(*61)

A resposta de Jesus Cristo confirma a necessidade de um novo sacrifício, do Sacrifício da Nova Lei, que será oferecido em todo lugar e que será sempre oferecido em espírito e em verdade por Aquele que é a própria Verdade.(*62)

Este novo sacrifício, anunciado por Jesus Cristo à samaritana, já tinha o seu protótipo no sacrifício de pão e vinho oferecido por Melquisedeque, como disposto por Deus 2000 anos antes; e, por isso mesmo, o pão e o vinho devem ser, sempre, a matéria do sacrifício que Nosso Senhor Jesus Cristo está por instituir.(*63)

E sobre este novo sacrifício, agora, é o próprio Verbo de Deus feito homem, e não mais os antigos profetas, quem vai nos falar, primeiramente prometendo a Eucaristia e depois realizando Ele mesmo a grande maravilha.(*64)

10 – JESUS CRISTO PROMETE A EUCARISTIA.

O evangelista São João, com a vivência do testemunho ocular e com a garantia de escritor sagrado inspirado por Deus, nos relata o que aconteceu. Para ambientar a promessa eucarística, São João faz neste caso uma exceção singular com relação à norma que se havia imposto de completar os sinópticos e, portanto, de não repetir os milagres já narrados nos outros Evangelhos.

Os outros três evangelistas haviam descrito a primeira multiplicação dos pães (Mt.14,13-21; Mc.6,34-44; Lc.9,12-17) e dois deles como andou Jesus sobre as águas em seguida àqueles milagres (Mt.14,22-34; Mc.6,45-53) e, todavia, São João volta a referir-se sobre esses acontecimentos (Jo.6,1-21), sem dúvida alguma não só para tornar mais inteligíveis as palavras de Jesus relativas aos pães multiplicados por Ele, como também para indicar-nos a preparação psicológica que o Senhor se dignou dar aos seus apóstolos, mostrando-lhes o seu poder e chamando a sua atenção sobre as propriedades singulares que Ele podia fazer desfrutar seu Corpo, a fim de que eles pudessem receber melhor a inaudita promessa.(*65)

Partindo do milagre da multiplicação dos pães (Jo.6,1-15), começa Jesus convidando seus ouvintes a que trabalhem não por um alimento perecível mas por aquele que dura até a vida eterna (Jo.7,27)(*66), que é superior ao maná (Jo.6,31-33; 6,49; 6,58), que é o próprio Cristo — o pão da vidaisto é, a carne e o sangue de Cristo que, verdadeira comida e verdadeira bebida, dão a vida eterna pela união com a vida do próprio Cristo [“Quem come a minha  carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele” (Jo.6,56)]. Insiste Jesus na fé como disposição fundamental e como força da alma para compreender e viver a realidade eucarística. (*67)

A realidade da Eucaristia como comida e bebida, do Corpo e do Sangue do Senhor, está afirmada em termos peremptórios a ponto de empregar (nos versículos 54 e 56 (*68)), para falar de comer, uma palavra mais realista que significa literalmente mastigar [que é palavra sumamente rara e que não aparece na versão grega do Antigo Testamento, chamada dos setenta, nem no Novo Testamento, a não ser nesta passagem de São João (Cap.6), em Jo.13,18 e em Mt.24,38], e a ponto de reforçar Jesus o sentido de comida e de bebida dizendo “verdadeira comida” e “verdadeira bebida” (v55 (*69) ou 56).

E, além disso, esta realidade eucarística é posta em evidência pelo fato de que os ouvintes de Jesus O interpretaram neste sentido e por isso se escandalizaram, não conseguindo compreender como podia o Senhor dar-lhes a sua Carne para comer (v52 ou 53); e Jesus não desautorizou tal interpretação, como deveria fazê-lo tratando-se de um ponto tão importante e de tantas conseqüências, mas, ao contrário, confirmou o que havia dito com expressões as mais realistas (vv. 53-58 ou 54-59).

Outrossim, quando muitos dentre os seus próprios discípulos murmuravam como era “dura” (v.60 ou 61) essa linguagem e inclusive se afastaram de Jesus (v.66 ou 67), o Mestre não disse aos seus doze apóstolos: entendei bem as coisas e não vos assusteis, pois o que lhes disse é uma figura ou um simbolismo, mas apenas lhes perguntou simplesmente se também eles queriam se retirar (v.67 ou 68). (*70)

Continuando seu discurso eucarístico, Jesus promete com toda clareza que sua Carne eucarística dará imortalidade a quem a coma; não imortalidade corporal, mas sim ressurreição (v54 ou 55), para nunca mais morrer de novo. Este é um dos pensamentos que, com mais carinho, foi recolhido já nos primeiros documentos da tradição cristã na luta contra os hereges que acreditavam que a carne era, em si mesma, má e incapaz de ressuscitar para uma vida sem fim.(*71)

Diz o Evangelho de São João, no capítulo 6, versículos 47 a 58(*72), que:

“47 Em verdade, em verdade, vos digo: Quem crê tem a vida eterna. 48 Eu sou o PÃO da VIDA. 49 Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. 50 O pão que desceu do céu é tal que quem come dele não morre. 51 Eu sou o PÃO VIVO QUE DESCI DO CÉU. (*73) Se alguém comer deste pão viverá eternamente; e o PÃO, QUE EU DAREI, É A MINHA CARNE, para a vida do mundo”.

52 Mas os judeus discutiam entre si dizendo: “Como pode este dar-nos a sua carne para comer?”

53 “Em verdade, em verdade, vos digo, respondeu-lhes Jesus: Se não comerdes a carne do Filho do homem e beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. 54 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna e Eu o ressuscitarei no último dia. 55 Porque a minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente bebida. 56 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele. 57 Assim como o Pai, que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai, assim quem Me come, também viverá por Mim. 58 Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que vossos pais comeram e morreram. QUEM COME DESTE PÃO VIVERÁ ETERNAMENTE”.(*74)

Afirma, assim, Nosso Senhor Jesus Cristo que esse Pão — matéria do novo sacrifício que Ele já havia anunciado — e que Ele irá dar — será sua Carne e uma verdadeira comida, assim como seu Sangue uma verdadeira bebida, para a vida do mundo. (*75)

Aproxima-se a hora do Novo Sacrifício; pão e vinho serão transformados, isto é, serão transubstanciados no Corpo e no Sangue de Jesus e essa Vítima, pura e sem mancha, será ofertada à majestade do Altíssimo(*76), quando Ele, Jesus, oferecer ao Pai, pela primeira vez, na Última Ceia, o Sacrifício da Nova Aliança, quando Ele fará, também, que os Apóstolos participem da consumação da Sagrada Vítima.

JESUS CRISTO vai instituir — mistério dos mistérios— a EUCARISTIA: SACRIFÍCIO e SACRAMENTO.

11 – JESUS CRISTO OFERECE – ANTES DA CRUZ – O NOVO SACRIFÍCIO

O Novo Testamento oferece-nos quatro relatos sobre a instituição do Sacrifício da Nova Aliança: os dos três Evangelhos sinópticos e o de São Paulo em sua primeira carta aos Coríntios. Os quatro coincidem inteiramente em relatar que Jesus, na véspera de sua morte, fez do pão e do vinho seu próprio Corpo e seu próprio Sangue.(*77)

A simplicidade das palavras de Jesus foi extrema: ESTE É O MEU CORPO;  ESTE É O MEU SANGUE (*78); a mesma simplicidade com que é dito no Gênesis, quando Deus criou o mundo, que Ele o fez dizendo: QUE ASSIM SE FAÇA(*79).

Porém a inteligência humana experimenta uma vertigem ao acercar-se a este abismo, ou melhor, a este mistério: o pão convertido no verdadeiro Corpo de Jesus, de modo tão real que, como logo dirá Cirilonas, naquela Última Ceia Jesus se levava a Si mesmo em suas mãos.*(80)

Todavia, é preciso considerar que os Apóstolos já haviam conhecido esta infalível eficácia da palavra do Salvador ao ser aplicada sobre a matéria inanimada: cala, emudece, havia dito encarando o mar, e amainou o vento e seguiu-se uma grande bonança {Mc.4,39}.

Além disso, o poder de Jesus sobre o pão havia sido mostrado de forma patente e concretamente aos Apóstolos nas milagrosas multiplicações do pão {Jo.6,1-15; Mt.15,32-39} e sobre o vinho quando Jesus fez da água vinho, em Caná {Jo.2,1-11}.

Por outro lado, com relação ao próprio Corpo de Jesus, já sabiam os Apóstolos que o mesmo facilmente se libertava das leis a que estavam sujeitos os demais corpos, como o haviam comprovado quando Jesus andou sobre as águas do mar {Jo.6,16-21} e no episódio da transfiguração {Mt.17,1-9}.(*81)

Psicologicamente o que mais diretamente obrigava os Apóstolos a entender as palavras de Jesus tal como foram ditas: ESTE É O MEU CORPO, ESTE É O MEU SANGUE, era a promessa que lhes havia feito, com termos tão claros, de dar-lhes a comer a sua Carne e de dar-lhes a beber o seu Sangue.

Aos Apóstolos era impossível esquecer aquela promessa, que em si mesma já era admirável, mas que, ademais, havia significado para eles o momento crucial em sua decisão de seguir acompanhando-O, enquanto que muitos discípulos haviam, então, se separado de Jesus {Jo.6,67-70 [*82]}. [*83]

Jesus Cristo, na Última Ceia, transubstanciou então o pão e o vinho em seu Corpo e em seu Sangue e, em seguida, ofereceu-Se em sacrifício.

Este caráter de sacrifício está manifestamente indicado na Sagrada Escritura. Encontramos, com efeito, expressões típicas de sacrifício, principalmente a respeito do Sangue, o qual é dito derramado por muitos em remissão dos pecados {Mt.26,28} e que é chamado Sangue do Testamento {Mt.26,28; Mc.14,24} ou do Novo Testamento [*84] {Lc.22,20; 1Cor.11,25}, palavras estas que na doutrina do Antigo e do Novo Testamento têm sentido próprio de sacrifício.

Este sacrifício tem necessária e íntima relação com o sacrifício que Jesus vai oferecer no dia seguinte na Cruz, mas que aqui aparece oferecido na própria Ceia, como o provam suficientemente os particípios Corpo “dado” {Lc.22,19} e Sangue “derramado” {Mt.26,28; Mc.14,24; e Lc.22,20} que são particípios presentes e também porque se acaba de falar do Corpo e do Sangue no indicativo presente “é” [*85].

Um argumento ainda mais forte advém do relato de São Lucas quando diz que o cálice [*86] é derramado {Lc.22,20} porque assim fica bem mais claro que não se trata do Sangue derramado na Cruz mas sim do Sangue contido no cálice. Trata-se, portanto, do sacrifício oferecido por Jesus na Última Ceia em indissolúvel união com o sacrifício oferecido na Cruz [*87], pois, tanto na Ceia como na Cruz trata-se do Sacrifício do Corpo e do Sangue de Jesus.

E este sacrifício, que Jesus Cristo institui imediatamente antes de ir se oferecer sobre a Cruz, Ele o instituiu por amor [*88]: “Jesus que tinha amado os seus que estavam no mundo amou-os até o fim” {Jo.13,1) [*89].

E certamente era preciso um enorme poder e um amor infinito para transformar o pão e o vinho em seu Corpo e em seu Sangue e para fazer antes de sua morte, por antecipação, uma efusão de seu Sangue [*90]: “ESTE É O MEU CORPO QUE É DADO POR VÓS… ESTE CÁLICE DA NOVA ALIANÇA É O MEU SANGUE QUE É DERRAMADO POR VÓS” {Lc.22,19-20}; efusão real e misteriosa no corpo e no coração dos comungantes antes deste Sangue sair visivelmente de seu Corpo sobre a Cruz [*91].

Nosso Senhor Jesus Cristo havia instituído a Eucaristia; havia sido oferecido o primeiro Sacrifício e entregue aos convidados a primeira Comunhão.

E, mais ainda, pois além de instituir, Nosso Senhor perpetuou este Sacrifício ao ordenar: hoc facite! {Lc.22,19}.

“FAZEI ISTO EM MEMÓRIA DE MIM”.

12 – O SACRIFÍCIO DA CRUZ.

A Sagrada Escritura e a Tradição, junto com as declarações solenes do Magistério Eclesiástico, nos ensinam como dogma de fé que, na Cruz, Jesus Cristo ofereceu ao Pai, ofendido por nossos pecados, um verdadeiro e autêntico sacrifício. [*92]

Nos infelizes tempos de irreligiosidade, que haviam antecedido a chegada do Messias, Jesus Cristo, que era a verdade de todas as figuras, vem se oferecer a Si mesmo, e suprir assim a imperfeição de todos os antigos sacrifícios. [*93]

Com efeito, Jesus Cristo predisse por duas vezes a sua Paixão [*94] e em uma dessas ocasiões Ele diz: “É necessário que o Filho do homem padeça muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e escribas, que seja morto, e ressuscite ao terceiro dia (Lc.9,22)”. [*95]

“Não encontrando coisa alguma no mundo, diz Santo Agostinho, que fosse bastante pura para oferecer a Deus, Ele se ofereceu a Si mesmo. E é por esta oblação, que será permanente e eterna, que os homens foram santificados (Hebr.10,10; 10,14). Porque Ele se ofereceu uma vez e para sempre (Hebr.10,14; 10,10).

Sua vida foi um contínuo sacrifício até que Ele, na Cruz, tivesse derramado todo seu Sangue. Então, a figura dos sacrifícios sangrentos de Aarão foi substituída; e todos os sacrifícios, que deviam ser multiplicados por causa de suas imperfeições, desapareceram, para que os fiéis recorram apenas ao único e verdadeiro sacrifício de nosso divino Mediador, que é o sacrifício que expia os pecados”. [*96]

E São Paulo, em sua carta aos Hebreus, demonstra a superioridade do Sacrifício de Cristo sobre os da Antiga Aliança:

“É verdade que a primeira Aliança teve também regulamentos relativos ao culto e um santuário temporal. Com efeito, foi construído o tabernáculo com uma parte anterior, chamada o ‘santo’, na qual estavam o candelabro, a mesa e os pães da proposição. Por trás do segundo véu, havia um tabernáculo, que se chama o ‘santo dos santos’, contendo um turíbulo de ouro e a Arca da Aliança, coberta de ouro por todos os lados. E nela havia uma urna de ouro, com o maná, a vara de Aarão que tinha florescido, e as tábuas da aliança. E sobre elas estavam os querubins da glória, que cobriam o propiciatório. Mas não cabe aqui falarmos  destas coisas pormenorizadamente. Dispostas assim estas coisas, os sacerdotes entravam em qualquer tempo no primeiro tabernáculo, para desempenhar as funções do culto. Mas no segundo o pontífice só entrava uma vez no ano, não sem sangue, que oferecia pelos seus pecados e pelos do povo [*97]. Com isto o Espírito Santo mostra que o caminho do santuário não estava ainda franqueado, enquanto subsistisse o primeiro tabernáculo. Isto é uma figura do tempo presente. Ela significa que as oblações e sacrifícios então oferecidos não podiam purificar a consciência de quem prestava o culto. Com efeito, eles constavam somente de comidas e bebidas [*98], e de diversas abluções e cerimônias carnais, impostas até o tempo da restauração” (Hebr.9,1-10). [*99]

            – Valor do sacrifício do Cristo –

A seguir (Hebr.9,11-15), o Apóstolo contrapõe aos sacrifícios antigos, inferiores e ineficazes, o Sacrifício de Cristo, que penetrou o céu (v.11) com seu sangue (v.12) e nos purificou do pecado (v.14), tornando-se o Mediador da Nova Aliança (v.15) [*100]:

“11 Mas Cristo veio como Pontífice dos bens futuros; e passando por um tabernáculo mais excelente e perfeito, não feito por mão de homem, isto é, não deste mundo, 12 entrou no Santo dos Santos não pelo sangue de bodes ou de bezerros, mas pelo seu próprio Sangue, e de uma vez para sempre, porque alcançou a Redenção eterna. 13 Com efeito, se o sangue dos cabritos e dos touros bem como a cinza duma novilha, com que se aspergem os impuros, os santifica quanto à pureza do corpo, 14 quanto mais o Sangue de Cristo, que pelo Espírito Santo se ofereceu a Si mesmo, sem mácula, a Deus, não purificará a nossa consciência das obras da morte, para servirmos ao Deus vivo?” [*101]

“15 E por isso Ele é o Mediador da Nova Aliança: morrendo para resgatar os pecados cometidos sob a primeira Aliança, quis que recebessem a herança eterna os escolhidos, a quem foi prometida, em Jesus Cristo, Nosso Senhor” (Hebr.9,15). [*102]

De fato, as oblações da antiga Aliança não agradavam a Deus [*103] e, assim sendo, São Paulo, na mesma Epístola aos Hebreus, diz:

“Por isso é que, entrando no mundo, Cristo diz [*104]: Tu não quiseste hóstia nem oblação, mas me deste um corpo. Os holocaustos pelo pecado não te agradaram. Então disse Eu: Eis que venho para fazer, ó Deus, a tua vontade, como está escrito de Mim no cabeçalho do livro” (Hebr.10,5-7). [*105]

E continua São Paulo:

“Primeiro disse: não quiseste hóstias, oblações e holocaustos pelo pecado, nem te agradas deles: são coisas que se oferecem segundo a lei. Depois acrescentou: Eis que eu venho para fazer, ó Deus, a tua vontade. Aboliu o primeiro para estabelecer o segundo. Por essa vontade é que somos santificados, pela oblação do Corpo de Jesus Cristo, uma vez para sempre” (Hebr.10,8-10). [*106]

E é em Jesus Cristo que encontramos realmente, nesse único santificador, tudo aquilo que nós podemos desejar e considerar em todos os sacrifícios: Deus a quem se deve oferecer, o sacerdote que oferece e o dom que se deve ofertar.

Porque este divino Mediador, Sacerdote e Vítima, é um com Deus a quem Ele oferece; e que está reunido, ou, mais ainda, que se fez um com todos os fiéis que Ele oferece para os reconciliar com Deus. É certo que, na cruz, Ele foi ao mesmo tempo Sacerdote e Vítima [*107].

Os judeus e os gentios que o mataram foram os seus carrascos e não os seus sacrificadores [*108]; foi então Ele quem se ofereceu em sacrifício e quem nos ofereceu com Ele sobre a cruz. [*109]

Com este sacrifício deu Jesus Cristo, e em Jesus Cristo o gênero humano também, ao Pai uma adoração, uma ação de graças, uma expiação infinitas; apresentou uma impetração de valor infinito, ficamos redimidos de nossos pecados; foi o Pai satisfeito por todas as maldades dos homens com satisfação condigna e superabundante; foi o Pai amado e glorificado com amor infinito e com infinita glorificação. Por Jesus Cristo e em Jesus Cristo damos à Augusta Trindade mais honra do que aquilo que Lhe tiramos pelo pecado de Adão e por quantos pecados adicionaram os homens. O Sacrifício de Jesus é o momento culminante da criação. [*110]

Felizmente este momento foi perpetuado [*111]; foi perpetuado na herança que o Senhor nos deixou ao instituir, na Última Ceia, um sacrifício visível: “fazei  isto  em  memória  de  Mim”; um sacrifício para dar continuidade, ao longo dos séculos e até o fim dos tempos, ao Sacrifício da Cruz; um sacrifício incruento no qual Nosso Senhor Jesus Cristo é o oferente principal e também a própria vítima; um sacrifício que faz chegar até nós — e aos que virão depois de nós — as graças salvadoras do Sacrifício do Calvário. Tal sacrifício é o Santo Sacrifício da Missa, que é o mesmo Sacrifício da Cruz sacramentalmente transportado para os nossos altares, e é, por isso mesmo, a nossa maior herança. [*112]

13 – O SACRIFÍCIO DA CRUZ É ÚNICO. POR QUE RENOVÁ-LO?

Diz São Paulo que é pela vontade de Deus que “somos santificados, pela oblação do Corpo de Jesus, uma vez para sempre” (Hebr.10,10) [*113], mas, antes, foi dito que o Sacrifício da Cruz foi perpetuado. Aprofundemos, pois, um pouco mais esta questão.

O Sacrifício do Calvário é único e basta para render a Deus toda honra e glória e para obter para os homens a graça; todavia esse Sacrifício, fonte única de todo o bem superior, Deus o quis tornar presente em todas as gerações de homens que se sucederão ao longo de todos os séculos até o fim do mundo, como já havia profetizado o profeta Malaquias: “Eis que em todo lugar se oferece a Deus uma oblação pura”. [*114]

É certíssimo que Cristo operou a Redenção do mundo em um ato único e que Ele morreu uma só vez. Por sua morte, logrou Cristo a salvação para todos os homens. Esta é a doutrina da Igreja; Cristo morreu, portanto, para todos. No entanto, isso não quer dizer que todos os homens sejam salvos. Ao contrário, Cristo nos disse que muitos irão ao fogo eterno. [*115]

A Paixão de Cristo é causa universal de salvação e uma causa universal deve ser aplicada aos casos individuais. Ora, os méritos da Paixão de Cristo nos são aplicados precisamente pela renovação do Sacrifício da Cruz que é continuado no santo Sacrifício da Missa. [*116]

Eis um exemplo. Ainda que uma fonte seja suficientemente abundante para satisfazer as necessidades de toda uma cidade, ainda será preciso captar essa fonte e transportar a água até a porta de cada habitante, senão, apesar da fonte, pode-se vir a morrer de sede. Assim, por sua Paixão, Cristo abriu a fonte de todo o bem espiritual. Todavia, isso não basta para que efetivamente participemos dessa fonte, pois é preciso que a aplicação de seus frutos se faça para cada um de nós. [*117] Essa é a obra do Sacrifício da Missa.

O Sacrifício da Missa, Sacrifício da Cruz sacramentalmente trazido para os nossos altares, é necessário para que os frutos da Paixão cheguem até nós. [*118]

14 – O SACRIFÍCIO DA CRUZ E SUAS MODALIDADES.

O Sacrifício da Cruz — fonte original de todas as fontes de graças — foi perpetuado no Santo Sacrifício da Missa que é o mesmo sacrifício que Jesus Cristo instituiu e ofereceu na Última Ceia, quando Ele, na véspera de sua Paixão, ordenou aos Apóstolos oferecerem o sacrifício do seu Corpo e do seu Sangue:

“Fazei isto em memória de Mim”.

Na Última Ceia o Sacrifício da Cruz foi antecipado e não só foi este sacrifício ali oferecido como foi instituído o modo segundo o qual devia ser celebrado, depois do Calvário, até o fim dos tempos.

Na Missa o Sacrifício da Cruz é sacramentalmente transportado para o altar, ao ser realizado conforme o modo estabelecido por Jesus na Última Ceia.

Há, pois, três modalidades, mas um único sacrifício: o Sacrifício da Ceia é o próprio Sacrifício da Cruz que é o mesmo Sacrifício da Missa.  

15 – O SACRIFÍCIO DA MISSA.

O Sacrifício da Missa é a continuação — no tempo e no espaço — do Sacrifício da Cruz [*119]; no Altar é oferecida a mesma Vítima que foi imolada no Calvário, isto é, o próprio Cristo; uma Vítima que está fisicamente presente, que tem uma Presença Real ainda que sacramental, pois está escondida sob as aparências do pão e do vinho.

Só a maneira de oferecer é diferente: no Calvário a imolação é sangrenta, na Missa a imolação reproduz-se sacramentalmente, isto é, por um sinal sacramental, a Deus reservado, que produz e realiza o que significa. A separação das oblatas é sinal sagrado que significa a morte de Cristo na Missa. [*120]

No sacrifício de animais da Antiga Aliança, a separação do corpo e do sangue significa a morte da vítima; no Sacrifício da Nova Aliança, a separação do pão e do vinho consagrados significa sacramentalmente a morte da Vítima: Cristo. [*121]

No Sacrifício da Missa, o sacerdote sacrificador também é Cristo, que perpetua a oferenda voluntária de seu sacrifício, mas, agora, Ele o faz pelos lábios de seus ministros, que são seus instrumentos [*122], que, agindo “in persona Christi” [*123], atualizam a palavra como se o próprio Cristo a pronunciasse.

Com efeito, o sacerdote, pelas palavras que ele pronuncia na Consagração, faz vir Deus à terra [*124]; quando fala o sacerdote é o próprio Cristo que fala e que opera o milagre [*125], isto é, a transubstanciação do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso mesmo, os seus ministros ordenados devem fazer, por ocasião do Sacrifício da Missa, aquilo que Jesus Cristo fez na Última Ceia, quando Ele antecipou, por assim dizer, o Sacrifício da Cruz.

Ao dizer “hoc facite” — fazei isto em memória de Mim [*126]— Jesus Cristo não só estabeleceu o mandato, como também instituiu “o que” e “como” devia ser oferecido o santo Sacrifício da Missa, por “quem” devia fazê-lo; de fato, para a validez duma Missa existem condições essenciais: a matéria e a forma do sacramento, o sacerdote validamente ordenado e a intenção de fazer o que sempre fez a Igreja [*127].

Como “matéria” do sacramento Ele escolheu o pão e o vinho, como o havia feito Melquisedeque, que são separados do uso comum e se tornam as oblatas [*128]; a “forma” do sacramento são as palavras que Jesus pronunciou na Última Ceia e, por elas, as oblatas são transubstanciadas no Corpo e no Sangue do Senhor, o que torna a Vítima efetivamente presente e não apenas simbolicamente [*129]; e os sacerdotes são aqueles que foram separados da vida comum para servirem ao Senhor e que, como sucessores dos Apóstolos, receberam o mandato de oferecer o santo Sacrifício da Missa.

E se tomarmos um bispo qualquer de nossos tempos, podemos reconstituir a fila ininterrupta que pode ser assim imaginada: mãos antigas impostas em cabeças novas, e outras mãos mais antigas pousadas em outras  cabeças, até o dia em que os primeiros Apóstolos receberam de Cristo a primeira sagração episcopal [*130]; e por isso mesmo: “nunca se verá faltar os sacerdotes e os sacrifícios”, como predisse Jeremias [*131].

E o Sacrifício da Missa, que será oferecido, até o fim dos tempos, e “em toda parte” [*132] pelo “sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque” [*133], por meio de seus ministros, é ofertado a Deus com os seguintes fins:

> para adorá-Lo [*134], para honrá-Lo como convém, e sob este ponto de vista o sacrifício é LATRÊUTICO [*135];

> para Lhe dar graças pelos benefícios recebidos, e sob este ponto de vista o sacrifício é EUCARÍSTICO;

> para aplacá-Lo, dar-Lhe a devida satisfação pelos nossos pecados, para sufragar as almas do Purgatório, e sob este ponto de vista o sacrifício é PROPICIATÓRIO [*136]; [*137]

> para alcançar todas as graças que nos são necessárias, e sob este ponto de vista o sacrifício é IMPETRATÓRIO [*138]. [*139]

Temos, assim, o único Sacrifício da Nova Aliança substituindo todos os sacrifícios da Antiga Aliança, os quais não agradavam a Deus. [*140]

16 – O SACRIFÍCIO DA MISSA NÃO É A MISSA

Convém esclarecer que o Sacrifício da Missa e a Missa não constituem uma só e mesma coisa, mas o sacrifício se efetua na Missa. [*141]

De fato, é na dupla Consagração que se realiza o Sacrifício; é nesse rito, prescrito pelo Senhor, que se renova sacramentalmente o Sacrifício do Calvário. [*142]

Jesus Cristo é, portanto, Ele mesmo, o autor da Missa naquilo que ela tem de essencial. [*143]

É a Igreja que, por sua vez, institui os ritos da Missa para magnificar o Sacrifício do Senhor e para explicitar seu mistério e dispor, desse modo, os espíritos aos sentimentos de adoração e de devoção. [*144]

17 – O SACRIFÍCIO DA MISSA É REALIZADO NA DUPLA CONSAGRAÇÃO.

O autor do “De Sacramentis”, atribuído a Santo Ambrósio (+397), diz que a mudança, ou melhor, a transubstanciação do pão e do vinho no Corpo e no Sangue do Senhor se dá no momento que são pronunciadas as palavras de Jesus Cristo. [*145]

Santo Ambrósio, no tratado “Dos Iniciados”, que é incontestavelmente de sua autoria, pronuncia-se quase que com os mesmos termos sobre tal mudança [*146] e assinala que a benção tem mais força que a natureza, porque a benção muda mesmo a natureza. [*147]

Ainda que apenas a benção ou apenas a prece de Jesus Cristo possa, sem dúvida, produzir a mudança do pão em seu Corpo, como apenas a Sua vontade modificou a água em vinho nas bodas de Caná, ou como a Sua benção multiplicou os pães, os Padres nos dizem sem qualquer ambigüidade que Jesus consagrou seu Corpo com estas palavras: Isto é o meu Corpo. Jesus Cristo tomando o pão, diz Tertuliano, e o dando aos seus discípulos, Ele o fez seu Corpo ao dizer: Isto é o meu Corpo. Santo Ambrósio, Santo Agostinho falaram a mesma coisa e é assim que a Igreja deseja que nós falemos. [*148]

            – A intenção da Igreja deve ser manifestada –

E sobre a Consagração que se faz todos os dias sobre os nossos altares, também deve ser dito que a Igreja deve fazer aquilo que Jesus Cristo fez. É uma ordem: hoc facite, fazei isto em memória de Mim. Ora, Jesus Cristo rezou, benzeu e pronunciou estas palavras: Isto é o meu Corpo; é necessário, pois, rezar, benzer e pronunciar estas mesmas palavras. Estas preces, que o sacerdote deve dizer, vieram da mais alta tradição a todas as grandes Igrejas.

São Basílio (+379) desejando mostrar que há dogmas não escritos diz: “Quem é este  que nos deixou por escrito as palavras que servem para a  consagração da Eucaristia?” porque, prossegue ele, “nós não nos contentamos com  as palavras que são relatadas pelo Apóstolo e pelos Evangelistas; mas nós acrescentamos outras antes e depois, como tendo bastante força para os mistérios, as quais nós aprendemos nessa doutrina não escrita”. [*149]

São Justino, que escreveu 40 anos depois da morte de São João [*150], por sua vez, diz que “nós sabemos que estes alimentos, destinados à nossa alimentação comum, são modificados pelas preces no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo”, porque de fato essas preces contêm as palavras de Jesus Cristo e tudo aquilo que as deve acompanhar. [*151]

O que isto quer dizer? que as preces da Igreja têm a mesma virtude que as palavras de Cristo? Não é isso que os Padres e os Concílios querem que nós entendamos, já que eles nos dizem abertamente, em diversos lugares, que as palavras de Jesus Cristo contêm essencialmente a virtude que modifica as dádivas (as ofertas, os dons) em seu Corpo e em seu Sangue, como o Concílio de Florença declarou depois deles e como a Igreja do Oriente o reconheceu, de acordo mesmo com o relato daqueles que permaneceram no cisma.

Mas todos os antigos autores juntaram sempre, com desvelo, as preces da Igreja às palavras de Jesus Cristo como tendo bastante força para a consagração, conforme a expressão de São Basílio. E por que isto? porque nos sacramentos a intenção da Igreja deve ser manifestada.

Ora, as preces que acompanham as palavras de Jesus Cristo assinalam a intenção, os desejos, e o que a Igreja tem em vista ao fazer pronunciar tais palavras[*152], pois isto [*153] sem aquilo [*154], poderá ser considerado como uma leitura histórica. É a Igreja que, pela autoridade de Jesus Cristo, consagra os padres aos quais Ela assinala o que eles devem fazer por ocasião da grande ação do Sacrifício.

O sacerdote é o ministro de Jesus Cristo e da Igreja e ele deve falar pela pessoa de Jesus Cristo e como representante da Igreja. Ele começa em nome da Igreja invocando o Todo-Poderoso para que atue sobre o pão e o vinho, a fim de que eles sejam transubstanciados no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo; e, depois disso, como ministro de Jesus Cristo, ele não fala mais em seu nome, dizem os Padres. Ele pronuncia as palavras de Jesus Cristo e, conseqüentemente, é a palavra de Jesus Cristo que consagra; isto é, a palavra d`Aquele por quem todas as coisas foram feitas. Assim, é Jesus Cristo quem consagra, como dizem várias vezes São Crisóstomo e os outros Padres; mas Ele o faz pela boca e pelas preces dos sacerdotes, como diz São Jerônimo. [*155]

Admiremos, pois, todas as palavras sagradas que os padres pronunciam e digamos com São João Crisóstomo (+407) em seu terceiro livro do Sacerdócio: “Quando vocês vêm o sacerdote aplicado ao Santo Sacrifício, fazendo as suas preces, envolvido pelo povo santo, que foi lavado pelo precioso Sangue, e o divino Salvador que se imola sobre o altar, pensam vocês que estão ainda sobre a terra? não acreditam vocês estarem elevados até o céu? ó milagre! ó bondade! Aquele que está sentado à direita do Pai encontra-se por um momento entre nossas mãos e vai se dar àqueles que o querem receber”. [*156]

Assim, a doutrina da Igreja que nos assegura que ao serem ditas as palavras da Consagração, quando se dá a transubstanciação do pão e do vinho no Corpo e no Sangue do Senhor, Jesus Cristo está realmente, está fisicamente presente no Altar, trazido a terra pelo sacerdote, e que Ele se oferece em verdadeiro sacrifício, não é uma doutrina tardia (como disse – e ainda diz- a heresia protestante e como o diz agora a heresia progressista), mas é, na verdade, a mesma doutrina que foi pregada pelos Apóstolos, por São Paulo e pelos primeiros Santos Padres da Igreja.

18 – O SACRIFÍCIO DA MISSA SEGUNDO SÃO PAULO.

 São João não se refere em seu Evangelho à instituição da Sagrada Eucaristia. Neste ponto o Apóstolo não sentiu haver necessidade de completar os evangelhos sinópticos, os quais, todavia, havia completado magnificamente com o discurso de Jesus prometendo a Eucaristia. [*157]

Quando o discípulo amado compôs o seu Evangelho, já havia muitos anos que as comunidades cristãs vinham celebrando a Eucaristia do Corpo e do Sangue do Senhor, como nos testemunham as cartas de São Paulo e os Atos dos Apóstolos. [*158]

Podemos deduzir, pois, que São João entendeu que não era necessário acrescentar coisa alguma à doutrina do Apóstolo dos gentios.

Em duas passagens de sua primeira Carta aos fiéis de Corinto, fala São Paulo da Eucaristia. A data desta carta deve ser colocada provavelmente na páscoa do ano 56. Note-se a importância de tal documento, ainda que do ponto de vista meramente histórico, distante pouco mais de vinte (20) anos da instituição da Eucaristia na Última Ceia. Esta Carta só teria como anterior a ela, entre os escritos do Novo Testamento, quando muito, o Evangelho de São Mateus. [*159]

São Paulo faz, no capítulo 10, uma alusão à Eucaristia quando se refere ao maná (Ex.16,15) e à água que por duas vezes jorrou do rochedo (Ex.17,6):

“3 e todos comeram da mesma comida espiritual; 4 e todos beberam da mesma bebida espiritual (pois eles bebiam da pedra espiritual que os acompanhava – e a pedra era Cristo)”. [*160]

E referindo-se a Cristo como pedra, designação dada a Javeh no Antigo Testamento, que ia defendendo e ajudando seu povo através do deserto, São Paulo nos oferece um precioso testemunho da divindade de Jesus Cristo. [*161]

            – O Sacrifício Eucarístico segundo São Paulo –

Na segunda passagem, São Paulo é inteiramente explícito em relação à Eucaristia.

Para que os Coríntios fiquem muito longe da idolatria o Apóstolo lhes propõe este argumento [*162]: por meio das carnes imoladas entra aquele que as come em comunhão com aquele a quem se oferece o sacrifício; os sacrifícios oferecidos aos ídolos, na realidade, são oferecidos aos demônios e aquele que em um banquete sacrifical participa das vítimas que lhes são oferecidas entra em comunhão com os demônios [*163]; da mesma forma que aquele que participa das vítimas oferecidas no altar do antigo Israel entra em comunhão com esse altar, e se não entra em comunhão com Javeh, a quem são oferecidos esses sacrifícios, é porque já se rompeu a união segundo a carne entre Javeh e o velho Israel. Nós cristãos ao participarmos do cálice e do pão, entramos em comunhão com o Corpo e o Sangue de Cristo [“O cálice de bênção que consagramos não é, porventura, a comunhão do Sangue de Cristo? E o pão que partimos não é a comunhão do Corpo do Senhor?” [*164]]. Não é, pois, possível participar da mesa do Senhor e também participar da mesa dos demônios. [*165]

O caráter de Sacrifício da Eucaristia é realçado com toda força nesta passagem pelo paralelismo que São Paulo estabelece entre a Eucaristia, os sacrifícios pagãos e os sacrifícios israelíticos. Além disso, acreditamos que há aqui também um argumento para a equiparação absoluta entre Jesus Cristo e Deus, uma vez que São Paulo não sente necessidade de dizer, como pediria o paralelismo, que a participação do pão e do cálice nos une a Deus, a quem se oferece o sacrifício, mas apenas lhe é suficiente dizer que nos faz entrar em comunhão com o Corpo e o Sangue de Cristo. [*166]

            – A Presença Real –

Outra indicação fundamental, que se recolhe desta passagem de São Paulo [“O cálice de bênção que consagramos não é, porventura, a comunhão do Sangue de Cristo? E o pão que partimos não é a comunhão do Corpo do Senhor?” (1Cor.10,16 [*167])], é que a Presença Real do Senhor fica suficientemente estabelecida ao empregar São Paulo, sem atenuante algum, as expressões Sangue de Cristo e Corpo de Cristo, as mesmas que utilizará no capítulo 11, em sentido tão realista. [*168]

Nesse capítulo 11 de sua primeira Carta aos Coríntios (11,23-28), narra São Paulo a instituição da Eucaristia na Última Ceia, conforme o Senhor lhe havia dado a conhecer, o que a seguir transcrevemos:

“23 Recebi do Senhor – o que também vos transmiti ­ que, na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão, 24 e, depois de ter dado graças, o partiu e disse: ‘Tomai e comei; isto é o meu Corpo que é entregue por vós. Fazei isto em memória de Mim’. 25 Do mesmo modo, depois da Ceia, tomou também o cálice, dizendo: ‘Este cálice é a nova aliança no meu Sangue. Todas as vezes que o beberdes, fazei isto em memória de Mim. 26 Pois todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que Ele venha’. 27 Portanto, quem comer este pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será réu do Corpo e do Sangue do Senhor. 28 Examine-se, pois, o homem, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque quem come e bebe indignamente sem discernir o Corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação”. [*169]

Diz, portanto, S. Paulo, a respeito da Presença Real do verdadeiro Corpo e do verdadeiro Sangue do Senhor na Eucaristia [*170], que se trata de comer o pão e de beber o cálice do Senhor dignamente, pois quem não o faz será réu do Corpo e do Sangue do Senhor… pois quem come e bebe sem discernir o Corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação.         Estas expressões tão reais, comentário de São Paulo às palavras de Jesus na Última Ceia, não deixam lugar a dúvida sobre o fato que o pão e o vinho a que se refere são realmente [*171] o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo. [*172]

            – Continuação da doutrina de São Paulo –

A respeito da Eucaristia como sacrifício é também riquíssima de sentido esta afirmação de São Paulo: “pois todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciareis a morte do Senhor até que Ele venha” (1Cor.11,26). Trata-se, com efeito, de uma renovação objetiva do Sacrifício da Cruz [*173], continuação [*174], por expresso mandato do Senhor, do Sacrifício da Última Ceia, na qual Jesus falou do Corpo que era dado por nós e do cálice que era o Novo Testamento, a Nova Aliança em seu Sangue (v24s).

Por sua vez, este Sacrifício nos coloca diante da alegria esperançosa da vinda triunfal do Salvador, imolado por nós para dar-nos a vida eterna, “até que Ele venha”. [*175]

Acrescentamos, para completar a doutrina eucarística de São Paulo, a seguinte passagem de sua Carta aos Hebreus (13,10) [*176]: “10 Nós temos um altar, do qual não podem comer os que servem no tabernáculo”. [*177]

São Paulo insiste, nesta Carta aos Hebreus, que Jesus é sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (5,6-10; 6,20; 7,11-15-17-21), que ofereceu pão e vinho, se bem que São Paulo não faça menção expressa deste oferecimento de pão e vinho por parte de Melquisedeque; além disso, o vocabulário de São Paulo nesta Carta é profundamente eucarístico (p. ex: 9,15.18ss; 10,16s.29; 12,24; 13,20).

E as próprias palavras que emprega no versículo 10 acima transcrito, pois o Apóstolo fala de altar, de comer e diz no presente temos, são uma prova do pensamento eucarístico do Apóstolo que unia, sem poder dissociá-los, o Sacrifício da Cruz e sua continuação como sacrifício incruento no Sacrifício do Altar. [*178]

19 – O SACRIFÍCIO DA MISSA SEGUNDO OS SANTOS PADRES DA IGREJA.

“Do nascer ao pôr do sol, será oferecido a Mim, em todo lugar, um sacrifício, e será uma oblação toda pura, porque o Meu nome é grande em todas as nações” (Mal.1,10-11). [*179]

Não é possível deixar de considerar que os mais antigos doutores da Igreja: São Justino (+165), São Irineu (+202), Tertuliano, São Cipriano (+258), etc, tenham aplicado esta profecia de Malaquias à Eucaristia. [*180]

Os primeiros santos Padres da Igreja nos fazem ver, de maneira irrefutável, que desde os primeiros tempos do Cristianismo era oferecido a Deus (como o é ainda hoje) um sacrifício — o Santo Sacrifício da Missao mesmo Sacrifício da Cruz —, isto é, a própria “Paixão do Salvador”; com Presença Real da Sagrada Vítima [*181]; sacrifício ofertado por aqueles a quem Nosso Senhor Jesus Cristo havia concedido tal poder: “hoc facite!”. Senão vejamos:

            – Sobre SACRIFÍCIO –

SÃO PAULO

São Paulo, 20 anos depois da instituição da Eucaristia, escreve em sua primeira carta aos Coríntios: “O cálice da benção que consagramos não é, porventura, a comunhão do Sangue de Cristo? E o pão que partimos não é a comunhão do Corpo do Senhor?”.

E na sua carta aos Hebreus: “Nós temos um altar, do qual não podem comer os que servem no tabernáculo”.

Ver também a subdivisão 18.

SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA (+110)

A princípios do século II, Santo Inácio de Antioquia expressava a fé comum ao dizer que a Eucaristia é “a Carne de nosso Salvador Jesus Cristo, a qual padeceu por nossos pecados e a qual o Pai ressuscitou por sua benignidade”. [*182]

SÃO IRINEU (+202)

“Os Apóstolos receberam este Sacrifício de Jesus Cristo e a Igreja o recebeu dos Apóstolos e Ela O oferece hoje, por toda parte, conforme a profecia de Malaquias”. [*183]

SÃO CIPRIANO (+258)

“O Sacrifício que nós oferecemos é a mesma Paixão do Salvador”. [*184]

“O pão e o vinho devem ser sempre a matéria do Sacrifício de Jesus Cristo e tornar-se-ão seu Corpo e seu Sangue”. [*185]

SÃO CIRILO de JERUSALÉM (+386)

São Cirilo de Jerusalém, nos meados do século IV, ao instruir os novos batizados sobre a necessidade de rezar pelos mortos, já dizia: “Nós cremos que suas almas recebem um alívio muito grande em virtude das preces que são oferecidas por eles no santo e temível Sacrifício do Altar”. [*186]

SÃO JOÃO CRISÓSTOMO (+407)

Quando vocês vêm o sacerdote aplicado ao Santo Sacrifício, fazendo as suas preces, envolvido pelo povo santo, que foi lavado pelo precioso Sangue, e o divino Salvador que se imola sobre o altar, pensam vocês que estão ainda sobre a terra? não acreditam vocês estarem elevados até o céu? Ó milagre! Ó bondade! Aquele que está sentado à direita do Pai encontra-se por um momento entre nossas mãos e vai se dar àqueles que o querem receber”. [*187]

SÃO JERÔNIMO (+420)

São Jerônimo, por sua vez, diz que Jesus Cristo “ensinou os Apóstolos a atreverem-se a dizer, todos os dias, durante o Sacrifício do seu Corpo: Pai Nosso que estais no céu”. [*188]

SANTO AGOSTINHO (+430)

Santo Agostinho falando a cerca do Sacrifício da Missa, em seu décimo sétimo livro da Cidade de Deus, diz: “Este Sacrifício foi estabelecido para substituir todos os sacrifícios do Antigo Testamento”. [*189]

“Oferecemos por toda parte, sob o grande Pontífice Jesus Cristo, aquilo que ofereceu Melquisedeque”. [*190]

E é também Santo Agostinho quem nos explica maravilhosamente o versículo 7 do salmo 39: “Vós não quisestes nem oblações nem sacrifícios”, ao escrever:

“E agora! ficamos nós sem sacrifício? Que Deus não permita. Escutemos a continuação da profecia: ‘Mas me destes um Corpo’. Eis aqui uma nova vítima, e então o que é que Deus rejeitará? As figuras. O que é que Deus aceitará e nos prescreverá para substituir as figuras? O Corpo que substitui todas as figuras, o Corpo adorável de Jesus Cristo sobre nossos altares [*191]; este Corpo que os fiéis conhecem e que os catecúmenos não conhecem [*192]. Este Corpo que nós recebemos, nós que O conhecemos e que vós ireis conhecer, vós, catecúmenos, que não O conheceis ainda; e agrade a Deus que quando vós O conheçais vós não O recebais jamais para a vossa condenação”. [*193]

        – Sobre PRESENÇA REAL –

SÃO PAULO

Ver a subdivisão 18.

SÃO CIPRIANO (+258)

O pão e o vinho devem ser sempre a matéria do Sacrifício de Jesus Cristo e tornar-se-ão seu Corpo e seu Sangue”. [*194]

SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA (+110)

A princípios do século II, Santo Inácio de Antioquia expressava a fé comum ao dizer que a Eucaristia é “a Carne de nosso Salvador Jesus Cristo, a qual padeceu por nossos pecados e a qual o Pai ressuscitou por sua benignidade”. [*195]

“Esforçai-vos em realizar uma só Eucaristia, pois uma só é a Carne de Nosso Senhor Jesus Cristo e um só é o cálice para nos unirmos em seu Sangue”. [*196]

“Quero o pão de Deus que é a Carne de Jesus Cristo… e por bebida quero seu Sangue que é puro amor”. [*197]

SÃO JUSTINO (+165)

São Justino, que escreveu 40 anos depois da morte de São João [*198], por sua vez, diz que “nós sabemos que estes alimentos, destinados à nossa alimentação comum, são modificados pelas preces no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo”. [*199]

“Este alimento se chama entre nós Eucaristia. Do qual nenhum outro é lícito participar senão ao que crê que a nossa doutrina é verdadeira, e que tenha sido purificado com o batismo para o perdão dos pecados e para a regeneração, e que vive como Jesus ensinou. Porque estas coisas não a tomamos como pão ordinário nem como bebida ordinária, mas assim como o Verbo de Deus encarnado, Jesus Cristo nosso Salvador, teve Carne e Sangue para a nossa salvação (na Cruz), assim também nos foi ensinado que o alimento ‘eucaristizado’ pela palavra da oração vinda de Deus (na dupla consagração) é a Carne e o Sangue daquele Jesus que se encarnou (Presença  Real). Porque os Apóstolos, nos comentários por eles compostos chamados Evangelhos, nos transmitiram que assim lhes havia sido mandado”. [*200]

SANTO AMBRÓSIO (+397)

“Ele (Deus) nos alimenta realmente todos os dias deste sacramento da Paixão”. [*201]

SÃO JOÃO CRISÓSTOMO (+407)

Quando vocês vêm o sacerdote aplicado ao Santo Sacrifício, fazendo as suas preces, envolvido pelo povo santo, que foi lavado pelo precioso Sangue, e o divino Salvador que se imola sobre o altar, pensam vocês que estão ainda sobre a terra? não acreditam vocês estarem elevados até o céu? ó milagre! ó bondade! Aquele que está sentado à direita do Pai encontra-se por um momento entre nossas mãos e vai se dar àqueles que o querem receber”. [*202]

SANTO AGOSTINHO (+430)

Santo Agostinho, ao falar sobre a assiduidade de sua mãe ao Sacrifício do Altar, diz: “Nós participamos deste altar divino, onde nós sabemos que é distribuída a vítima santa pela qual a condenação foi apagada”. [*203]

            – Sobre SACERDÓCIO MINISTERIAL –

SÃO JOÃO EVANGELHISTA

“(Vós) não sois do mundo e Eu vos escolhi e separei do mundo…”. [*204]

SÃO JOÃO CRISÓSTOMO (+407)

“Não foi homem, nem anjo, nem arcanjo e nenhuma outra potestade senão o próprio Paráclito quem instituiu este ministério”. [*205]

“Quando vês o Senhor sacrificado e humilde e o Sacerdote orando sobre a Vítima e a todos aspergidos por aquele precioso Sangue, por que razão crês estar na terra entre os homens? Não penetras imediatamente nos céus?”. [*206]

As citações acima não exigem qualquer interpretação; elas mostram o que os Apóstolos transmitiram aos seus sucessores e assim sucessivamente.

As figuras da Antiga Lei já haviam sido substituídas e com Santo Agostinho afirmamos que foram substituídas pelo Sacrifício do Corpo adorável de Jesus Cristo oferecido sobre nossos altares; e sendo este novo Sacrifício um aprimoramento do antigo sacrifício propiciatório, agora, sacerdote e fiéis devem participar da consumação da Vítima. [*207]

E com o Padre Le Brun dizemos que o Sacrifício da Nova Lei é o Sacrifício do Corpo de Jesus Cristo, “oferecido e comido sobre nossos altares, por toda a terra”. [*208]

O Sacrifício da Nova Lei é o Santo Sacrifício da Missa que é o mesmo Sacrifício da Cruz. [*209]

20 – O SACRIFÍCIO DA MISSA É O MESMO SACRIFÍCIO DA CRUZ NA MISSA HÁ UM VERDADEIRO SACRIFÍCIO.

Jesus Cristo usando o seu poder supremo para fazer a mudança do pão em seu Corpo, e do vinho em seu Sangue (Presença Real), exerceu ao mesmo tempo, o seu poder sacerdotal, ao qual Ele não se elevou de Si mesmo, diz S. Paulo (Hebr.5,5) [*210], mas que Ele recebeu de seu Pai (“mas foi elevado por Aquele que Lhe disse: Tu és meu Filho, Eu hoje te gerei”), para ser “sacerdote eternamente segundo a ordem de Melquisedeque” (Hebr.5,6) [*211]. Como seu sacerdócio é eterno, Ele oferecerá eternamente este sacrifício, e Ele não terá um sucessor. Ele estará sempre sobre os nossos altares, ainda que invisivelmente, o Sacerdote e o Dom, o oferente e a coisa ofertada, como diz Santo Agostinho [*212].

Mas para que este sacrifício seja visível, Ele estabeleceu como seus ministros os Apóstolos e os sucessores dos Apóstolos, aos quais Ele deu na Última Ceia o poder de fazer aquilo que Ele acabara de fazer: fazei isto em memória de Mim (Lc.22,19) [*213], inclusive repetindo o mandato por ocasião da transubstanciação do vinho em seu sangue, como registrou São Paulo (1Cor.11,25) [*214]; e eles o têm feito e eles o farão, sempre, todos os dias, em seu nome, por toda a terra: “Oferecemos por toda parte,  sob o grande Pontífice Jesus Cristo, aquilo que ofereceu Melquisedeque”, diz Santo Agostinho. E para mostrar que este Sacrifício jamais terminará sobre a terra, Ele nos ordenou participar e anunciar a sua morte até a Sua última vinda (1Cor.11,26) [*215].

            – Com consumação do Corpo e do Sangue da vítima –

O essencial do Sacrifício da Cruz consistiu na oblação que Jesus fez do seu Corpo [*216] e, como já foi dito, Ele continua a oferecer este mesmo Corpo sobre o altar; e, levando à sua derradeira perfeição este divino Sacrifício (que no Calvário não podia ser comido pelos fiéis), Ele nos alimenta realmente todos os dias com o sacramento da Paixão, como diz Santo Ambrósio (+397); a manducação da vítima, que faltava no Altar da Cruz, faz a perfeição do sacrifício dos nossos altares. “Nós temos um altar”, diz São Paulo (Hebr.13,10) [*217], e é no altar da Igreja que esta manducação se efetua pela comunhão.

A mesma vítima é oferecida sobre o Calvário e sobre os nossos altares, mas no Calvário ela é apenas oferecida, enquanto que na Missa ela é oferecida e distribuída, segundo a expressão de Santo Agostinho ao falar sobre a assiduidade de sua mãe ao Sacrifício do Altar: Nós participamos deste altar divino, onde nós sabemos que é distribuída a vítima santa pela qual a condenação foi apagada. [*218]

E esta é a fé da Igreja: que Jesus Cristo está sentado a direita do Pai e está fisicamente presente, tem uma Presença Real em todos os altares onde o santo Sacrifício da Missa é oferecido, e é o seu Corpo e é o seu Sangue que nos são dados como alimento e bebida da alma:

“Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna…” [*219].

            COM PRESENÇA REAL DA VÍTIMA

A fé da Igreja na Presença Real de Jesus Cristo sob as espécies sacramentais eucarísticas é a fé de todos os tempos. [220]

A princípios do século II, Santo Inácio de Antioquia (+110) expressava a fé comum ao dizer que a Eucaristia é “a Carne de nosso Salvador Jesus Cristo, a qual padeceu por nossos pecados e a qual o Pai ressuscitou por sua benignidade”.

Nos começos da negação eucarística por parte de Berengário, o Concílio Romano do ano 1079 lhe opôs a fé da Igreja: “…e que depois da consagração [o pão e o vinho] são o verdadeiro Corpo de Cristo, (Corpo) que nasceu da Virgem e que, oferecido pela salvação do mundo, esteve pendurado na Cruz, e que está sentado à direita do Pai, e [que o pão e o vinho] são o verdadeiro Sangue de Cristo que foi derramado de seu lado”.

No tempo da maior negação da Eucaristia por parte dos protestantes, o Concílio de Trento proclamava a mesma fé: “Ensina primeiramente o Santo Concílio e confessa aberta e simplesmente que no venerável sacramento da Santa Eucaristia, depois da consagração do pão e do vinho, debaixo das aparências destas coisas sensíveis, se encerra Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, verdadeira, real [*221] e substancialmente (Canon 1).

Porque não há contradição entre o fato de estar o Nosso Salvador, Ele mesmo, sempre sentado à mão direita do Pai no céu, conforme o seu modo natural de existir, e que, não obstante, a sua substância esteja presente entre nós, em muitos outros lugares, sacramentalmente, com aquele modo de existir, o qual, ainda que nós possamos apenas exprimi-lo com palavras, podemos, contudo, alcançar com a razão iluminada pela fé e devemos crer firmemente ser possível a Deus”. [*222]

Mais recentemente, na grande Encíclica “Mediator Dei” sobre a Liturgia, temos, “uma vez mais, uma idêntica profissão de fé: [com seu culto eucarístico] os fiéis cristãos atestam e solenemente manifestam a fé da Igreja pela qual cremos que é o mesmo Verbo de Deus e Filho da Virgem Maria, que padeceu na Cruz, que se esconde presente na Eucaristia e que reina nos céus”. [*223]

E é Jesus Cristo — presente na Eucaristia — quem se oferece no Altar, como Ele se ofereceu para morrer sobre a Cruz [*224], mas agora, no Sacrifício da Missa, ele se oferece pelo ministério dos sacerdotes [*225].

E NUNCA SE VERÁ FALTAR OS SACRIFÍCIOS EM FUNÇÃO DO SACERDÓCIO MINISTERIAL

FAZEI ISTO! HOC FACITE! [*226] Ao dizer tais palavras, Jesus Cristo fez dos Apóstolos, e dos seus sucessores, sacerdotes da Nova Aliança.

Os apóstolos, depois de orar, escolheram a Matias para o lugar de Judas (At.1,24-26) [*227]; mais adiante, também depois de orar, impuseram as mãos sobre sete novos auxiliares (Estevão, Felipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau); e por obra do Espírito Santo impuseram as mãos sobre Saulo e Barnabé (At.13,2-3) [*228]; e a palavra do Senhor se divulgava (At.6,5-7) [*229].

São Paulo constituiu Timóteo bispo de Éfeso [*230] e a Tito bispo de Creta [*231]; mãos antigas colocadas sobre cabeças mais novas e assim sucessivamente [*232]; e deste modo foram sendo escolhidos e nomeados os sacerdotes da Nova Aliança.

São João Crisóstomo (354-407), chamado “doutor da Eucaristia”, diz que “não foi homem, nem anjo, nem arcanjo e nenhuma outra potestade, senão o próprio Paráclito quem instituiu este Ministério” [*233], o Ministério dos Sacerdotes e, conseqüentemente, “nunca se verá faltar nem os sacerdotes e nem os sacrifícios” (Jer.33,18).

O sacerdócio da Nova Aliança, com sacerdotes segundo a ordem de Melquisedeque, foi estabelecido para ser oferecido, pelo Sacerdote Eterno, em toda parte, um Sacrifício puro e sem mancha, como profetizou Malaquias, sacrifício este que foi instituído “para tomar o lugar de todos os sacrifícios do Antigo Testamento”, como disse Santo Agostinho [*234]: o Santo Sacrifício da Missa.

Assim, o Sacerdote, ao oferecer o Santo Sacrifício da Missa, apenas dá continuidade ao Sacrifício da Cruz, uma vez que recebeu de Jesus Cristo a ordem formal, na véspera da sua morte [*235], durante a Última Ceia: fazei isto.

Se os sacerdotes oferecem tal sacrifício — o Santo Sacrifício da Missa — como ministros de Cristo e da Igreja, também o oferecem os demais fiéis. Mas há entre aqueles e estes uma diferença essencial que reside no caráter sacerdotal, que unicamente se imprime na alma pelo sacramento da Ordem que dá ao sacerdote o poder de consagrar. [*236]

Atendendo aos diversos aspectos, explica a doutrina da Igreja que a imolação incruenta pela qual Cristo, em virtude das palavras da consagração, se faz presente sobre o altar em estado de vítima, não a faz o sacerdote na qualidade de representante dos fiéis, senão que como representante de Jesus Cristo mesmo. [*237]

Apesar da diferença que existe entre o sacerdócio ministerial e o sacerdócio comum dos fiéis, os assistentes, como dito acima, também oferecem o Santo Sacrifício da Missa; as pessoas reunidas diante do altar unem-se a Jesus Cristo no oferecimento que é feito a Deus; oferecem a Deus a melhor dádiva que Lhe pode ser ofertada: o sacrifício do seu próprio Filho, o qual substituiu todos os sacrifícios da Antiga  Lei que não agradavam a Deus.

E os propósitos pelos quais este sacrifício é realizado são, sempre foram e sempre serão os seguintes: adoraçãoagradecimentosatisfação pelos pecados e para a salvação das almas – pelos vivos e pelos mortos – pelos presentes e ausentes – pela Santa Igreja Católica – e – para receber as graças que precisamos

“ET INTROÍBO AD ALTÁRE DEI: AD DEUM QUI LAETÍFICAT JUVENTÚTEM MEAM”. “E APROXIMAR-ME-EI DO ALTAR DE DEUS; PERANTE DEUS QUE É A ALEGRIA DA MINHA JUVENTUDE”.

21 – SUBAMOS O CALVÁRIO.

O Santo Sacrifício da Missa é o mesmo Sacrifício da Cruz e, por isso mesmo, a sua celebração permite aplicar aos fiéis os méritos da Cruz, perpetuar esta fonte de graças no tempo e no espaço. O Evangelho de São Mateus termina com estas palavras: “E eis que Eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” [*238].

Assim, cada vez que assistimos ao Sacrifício da Missa, subimos, em espírito, o Calvário, onde nos sentimos ao lado da Mãe das Dores e de São João [*239].

“Eu lá estava”, dizia Santo Agostinho. [*240]

“Eu quero estar lá, no Calvário de nossos altares”, digamos nós.

Subamos o Calvário para dobrarmos os nossos joelhos, para nos curvarmos diante de Nosso Senhor Jesus Cristo e Ele, fisicamente — realmente — presente, receberá as nossas ofertas e súplicas, para levá-las, junto com seu Corpo e seu Sangue, como um suave aroma [*241], ao altar celestial: a seu Pai, nosso Deus Todo-Poderoso.

 Fonte: http://www.derradeirasgracas.com/2.%20Segunda%20Página/O%20Poder%20da%20Santa%20Missa/O%20Santo%20Sacrifício%20da%20Missa..htm


Celina Borges Canta: Amar é Cuidar

agosto 22, 2009

ENTRADA DA ALMA NO CÉU

agosto 22, 2009

castidade

ENTRADA DA ALMA NO CÉU

(SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO)
(“Meditações para todos os dias e festas do ano” – Tomo III)

I. Oh Deus! Que dirá a alma ao entrar no reino bem-aventurado do Céu? Imaginemos ver morrer essa virgem, esse jovem, que, tendo-se consagrado ao amor de Jesus Cristo, e, chegada a hora da morte, vai deixar esta terra. Sua alma apresenta-se para ser julgada; o Juiz acolhe-a com bondade e lhe declara que está salva. O seu Anjo da guarda vem ao seu encontro e mostra-se todo contente; ela lhe agradece toda a assistência recebida, e o anjo responde-lhe: Alegra-te, alma formosa; já estás salva; vem contemplar a face do teu Senhor.

Eis que a alma se eleva acima das nuvens, acima do firmamento e de todas as estrelas: entra no Céu. Que dirá ao penetrar pela primeira vez nessa pátria bem-aventurada, ao lançar o primeiro olhar sobre essa cidade de delícias? Os Anjos e os Santos saem-lhe ao encontro e lhe dão, jubilosos, as boas vindas. Que consolação experimentará ao encontrar ali os parentes e amigos que a precederam, e os seus gloriosos protetores! A alma quererá prostrar-se diante deles; mas os Santos lhe dirão: Guarda-te de o fazer; porque somos servos como tu: “Vide ne feceris; conservus tuus sum”.

Ela irá depois beijar os pés de Maria, a Rainha do paraíso. Que ternura não experimentará ao ver pela primeira vez essa divina Mãe, que tanto a ajudou a salvar-se! Então a alma verá todas as graças que Maria lhe alcançou. A Rainha celestial abraça-a amorosamente e a conduz a Jesus que a acolhe como esposa e lhe diz: “Veni de Libano, sponsa mea; veni, coronaberis” (“Vem do Líbano, esposa minha; vem, serás coroada”). Regozija-te, esposa querida, passaram já as lágrimas, as penas, os temores: recebe a coroa eterna que te alcancei a preço de meu sangue. Ah, meu Jesus! Quando chegará o dia em que eu também ouvirei de tua boca estas doces palavras?

II. Jesus mesmo acompanhará a alma bem-aventurada afim de receber a bênção de seu Pai divino, que a abraçará carinhosamente e a abençoará, dizendo: “Intra in gaudium Domini tui” (“Entra no gozo do teu Senhor”), e então fa-la-á participar da sua própria gloriosa beatitude.

Meu Deus, aqui tendes a vossos pés um ingrato, que foi criado por Vós para o Céu, mas que muitas vezes, na vossa presença, o renunciou por indignos prazeres, consentindo em ser condenado ao inferno. Espero que já me haveis perdoado todas as injúrias que Vos fiz e de que de novo me arrependo e quero arrepender-me até à morte. Quero também que Vós sempre as torneis a perdoar-me. Mas, ó Jesus, embora já me tenhais perdoado, sempre ficará sendo verdade que tive a audácia de amargurar-Vos, meu Redentor, que, para me conduzir ao vosso reino, sacrificastes a própria vida. Para sempre seja louvada e abençoada a vossa misericórdia, ó meu Jesus, que me haveis aturado com tamanha paciência, e que, em vez de me punir, multiplicastes para comigo as graças, as luzes e os convites.

Vejo, meu amantíssimo Salvador, que quereis deveras a minha salvação; quereis ver-me em vosso reino para eu Vos amar eternamente; mas quereis que primeiramente Vos ame nesta terra. Sim, quero Vos amar. Ainda que não houvesse paraíso, quisera amar-Vos por toda a vida, com toda a minha alma, com todas as minhas forças. Basta-me saber que Vós, meu Deus, desejais ser amado por mim. Assisti-me, meu Jesus, com a vossa graça; não me abandoneis. Minha alma é eterna; estou, pois, na alternativa de Vos amar ou de Vos odiar eternamente! O que eu quero é amar-Vos eternamente; quero amar-Vos muito nesta vida para Vos amar muito na outra. Disponde de mim como Vos aprouver; castigai-me como quiserdes; não me priveis do vosso amor, e depois fazei de mim segundo a vossa vontade. Meu Jesus, os vossos méritos são a minha esperança. Ó Maria, ponho toda a minha confiança na vossa intercessão. Livrastes-me do inferno, quando estava em pecado; agora, que desejo só a Deus, deveis salvar-me e tornar-me santo.

 Fonte: http://www.derradeirasgracas.com/3.%20Vários%20Assuntos/ENTRADA%20DA%20ALMA%20NO%20CÉU.htm


Salmo 84 cantado por Eliana Ribeiro

agosto 21, 2009