PADRE IVAN PAIXÃO: NÃO CONSTRUA SEUS RELACIONAMENTOS PAUTADOS NAS APARÊNCIAS

fevereiro 29, 2012

COMETER ERROS OU FAZER MILAGRES?

fevereiro 29, 2012

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Cometer erros ou fazer milagres?

Tomar uma decisão não é uma tarefa fácil

Tomar uma decisão nunca foi tarefa fácil, afinal, decidir implica escolher, e escolher uma coisa é inevitavelmente abrir mão de outra. Desta forma, perdas e ganhos se entrelaçam na arte de escolher e viver. A cada dia, a vida nos oferece novas descobertas, e a oportunidade de decidir nos acompanha do nascer ao pôr do sol, estejamos ou não conscientes disso. No entanto, nossas escolhas podem ser até inconscientes, mas não voluntárias. Elas trazem consequências e são impulsionadas por nossos sentimentos, objetivos e tantos outros fatores. Além disso, nossas escolhas trazem também consequências para a vida de outros, já que ninguém vive totalmente isolado neste mundo.

Madre Teresa de Calcutá, em um momento difícil na congregação por ela fundada, escreveu às filhas espirituais (irmãs da caridade): “Sejam amáveis umas com as outras. Prefiro que cometam erros com amabilidade, a que façam milagres com falta dela. Sejam amáveis sempre. Contemplem a amabilidade de Nossa Senhora, vejam como ela falava, como ela agia. Olhem para seu exemplo. Ela podia perfeitamente ter revelado a São José a mensagem do Anjo a respeito do nascimento de Cristo, mas escolheu o silêncio, não disse uma palavra. E a essa altura, vendo seu amor, Deus interveio diretamente em seu favor. Maria guardava todas estas coisas no seu coração, eis a grande lição! E quem nos dera podermos guardar todas as nossas palavras no coração dela.

Para que tanto sofrimento e tantas incompreensões? Basta uma simples palavra, um olhar, uma pequena ação sem amor e o coração da vossa Irmã mergulha na escuridão. Não deve ser assim. Peçam a Nossa Senhora que vos encha o coração de doçura”.

É como se Madre Teresa nos dissesse com a vida até mais do que com as palavras: decidam-se pelo amor, pois esta é a única força que pode mudar o mundo. E por saber do quanto precisamos de referências, ela nos mostra o melhor exemplo: a Virgem Maria. Aliás, acredito que na hora de tomar decisões é sempre muito importante a ajuda de quem nos conhece e nos ama, de preferência que esta pessoa não esteja envolvida no caso. Mesmo que a decisão seja só nossa, outra pessoa pode nos ajudar no sentido de avaliar bem “os dois lados da moeda”.

Tendo em vista que, quando nos sentimos pressionados, corremos o sério risco de agir guiados por nossos sentimentos, pela razão ou por impulsos, mas quase nunca pela verdade. Recordo-me das diversas vezes em que precisei fazer grandes escolhas na vida e acredito que não teria acertado sozinha.

A pressa também é uma grande inimiga neste hora; então, calma! Esperar um momento, deixar a poeira baixar pode ser muito proveitoso para uma boa escolha. Mas atenção! Também não é o caso de deixar a situação ir se prolongando de um dia para outro até nos acostumarmos com ela. A falta de decisão torna a vida pesada, rouba os sonhos e enfraquece a vontade. Já conheci muita gente que perdeu o sentido da vida por medo de fazer uma escolha. É preciso calma, mas não comodismo.

Talvez hoje, ao ler este texto, você se sinta encorajado a tomar uma decisão. Se é o caso, não tenha medo de dar os passos e aceitar o desafio de passar pelo processo necessário da mudança. Pode ser mais fácil do que você imagina, mas só o saberá ao tentar. A natureza nos ensina muito sobre isso. Quando observamos a mesma árvore nas diversas estações do ano, ficamos impressionados como a vida vai se entrelaçando entre perdas e ganhos. Conosco não é diferente e saber perder para ganhar é questão de sobrevivência.

No entanto, que sirva de lição a “cartinha” da Madre Teresa: Entre fazer grande obras e até milagres ou sermos caridosos é preferível optar pela caridade, e o amor, na maioria das vezes, traduz-se no silêncio e na discrição.

Olhemos para Nossa Senhora, ela é o exemplo perfeito de quem decidiu amar na simplicidade sem se preocupar em fazer coisas extraordinárias aos olhos humanos. Inspirados em seu exemplo, tenhamos hoje a coragem de levar luz aos corações em vez de trevas. Madre Teresa fez desta escolha a sua missão durante toda a vida. Em meio às grandes provas pelas quais essa grande mulher de Deus passou vivendo a “noite escura da alma”, escreveu ao seu diretor espiritual: “Um caloroso SIM a Deus e um grande SORRISO para todos são as únicas duas palavras que me mantêm seguindo em frente”, e esta escolha corajosa beneficiou e continua beneficiando a tantos ao longo dos anos que se seguiram.

Tomemos a decisão de seguir em frente com um sorriso nos lábios e um caloroso “sim” a Deus, que nos chama a optarmos pelo amor, mesmo que cometamos erros, pois este certamente é o maior milagre do qual o mundo carece.

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Dijanira Silva
dijanira@geracaophn.com

Dijanira Silva Apresentadora da Rádio CN FM 103.7 em Fátima Portugal.
Acesse o blog Fatima hoje

28/02/2012

Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?e=12685


PADRE LUCAS MAZZOCHINI: “CONVERTEI-VOS E CREDE NO EVANGELHO”

fevereiro 28, 2012

QUEM É JESUS CRISTO PARA MIM?

fevereiro 28, 2012

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Quem é Jesus Cristo para mim?

O Jesus dos Evangelhos é o Jesus real

Essa é uma pergunta que o Papa Bento XVI respondeu no seu livro “Dogma e Anúncio”. O Santo Padre afirmou que: “A partir de Jesus Cristo creio vislumbrar o que é Deus e o que é o homem”. Deus Pai não é só abismo infinito e altura infinita, mas também distância infinita e proximidade infinita. Podemos nos confiar a Ele e falar com Ele, pois Ele nos ouve, vê e ama. “Embora não seja tempo, contudo, tem tempo: também para mim”. Deus se revela em Jesus Cristo quando Este o chama de Pai, e por este mesmo dizer se une intimamente a nós.

Por um lado, o ser humano não é capaz de suportar o homem inteiramente bom, justo, amante da verdade, que não faz mal a ninguém. Quem é assim é crucificado pelo próprio homem. “Assim sou eu também – diz o Santo Padre – esta é a verdade assustadora que vem a mim de Cristo crucificado”. Por outro lado, o homem possui uma natureza capaz de ser expressão de Deus. Além disso, por esta mesma natureza, Deus pode unir-se ao homem.

Tais afirmações têm como fundamento a experiência pessoal do Papa de como Jesus Cristo entrou em sua vida. Ele encontrou Cristo na fé da Igreja, não com um grande personagem do passado, mas com “Alguém que vive e age hoje, que se pode encontrar hoje”. Jesus e a Igreja são inseparáveis e também se identificam. Todavia, Cristo supera infinitamente a Igreja, é o que diz o Concílio de Calcedônia: Ele é o Senhor da Igreja e a sua norma. Isso é, ao mesmo tempo, uma consolação e um apelo. É uma consolação porque Cristo está muito acima das leis e das coisas exteriores, mas também um apelo, pois “Ele exige muito mais do que a Igreja ousa exigir e, ao radicalismo das Suas palavras, só corresponde propriamente o radicalismo de decisões como as que realizaram o patriarca do deserto Santo Antão ou São Francisco de Assis ao aceitarem o Evangelho em sentido completamente literal”.

O Jesus dos Evangelhos é o Jesus real, a quem posso me confiar com tranquilidade. A tradição dos Evangelhos nos dá informações sobre quem Jesus foi e é e, nela, Cristo se faz ouvir e ver sempre de novo. Desta forma, o Senhor continua a se manifestar a quem crê, com a Igreja, sobretudo na oração e nos sacramentos, tendo como destaque a Eucaristia.

Portanto, somente na experiência de fé com a pessoa de Jesus Cristo é possível compreender a radicalidade do chamado do Senhor aos homens. A parábola do jovem rico nos oferece um exemplo de quem não respondeu à voz do Pai e foi embora triste (cf. Mt 19, 22), pois não foi capaz de renunciar àquilo que era quase nada diante da grandeza e da riqueza dos bens celestes.

Para nós fica a pergunta que Cristo fez a Seus discípulos: “E vós”, retomou Jesus, “quem dizeis que eu sou?” (Mt 16, 15). Essa pergunta é fundamental no seguimento a Jesus, pois a resposta que dermos determinará todo o nosso intinerário de seguimento ao Senhor, que continua a chamar a cada um de nós à vivência radical de Seus ensinamentos; pois conforme chamou aquele jovem o Senhor hoje diz a nós: “vem e segue-me” (Mt 19, 21).

Natalino Ueda
Missionário da Comunidade Canção Nova

27/02/2012

Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?e=12683


PADRE ROGER LUIS: VOCÊ TEM A POSSIBILIDADE DA DECISÃO

fevereiro 27, 2012

PAPA BENTO XVI: CONVERTER É TER FÉ EM DEUS E FAZER TODOS OS DIAS A SUA VONTADE

fevereiro 27, 2012

Angelus do Papa Bento XVI

 “Convertei-vos e crede no evangelho”

26.02.2012 – Cidade do Vaticano – Ao meio dia deste domingo, o Papa encontrou-se com fieis e peregrinos, na Praça São Pedro, no Vaticano, para a oração mariana do Angelus. Um ato que se repete a cada domingo, mas que neste, em particular, foi de grande importância por ser o primeiro domingo de Quaresma. E foi justamente sobre o tema da Quaresma que Sua Santidade falou aos presentes. Da janela de seus aposentos, para uma praça lotada, propôs a seguinte reflexão:

Queridos irmãos e irmãs!

Neste primeiro domingo de Quaresma, encontramos Jesus que, depois de ter recebido o batismo no Rio Jordão, por meio de João Batista (cfr Mc 1,9)é tentado no deserto(cfr Mc 1,12-13).

A narração de São Marcos é concisa, priva dos detalhes que lemos nos outros dois Evangelhos de Mateus e de Lucas. O deserto do qual fala há diversos significados, pode indicar o estado de abandono e de solidão, o “lugar” da fraqueza do homem onde não há apoios e seguranças, onde a tentação se faz mais forte. Mas isso pode indicar também um lugar de refugio e abrigo, como foi para o povo de Israel escapar da escravidão egípcia, onde se pode experimentar, de modo particular, a presença de Deus. Jesus, no deserto, “esteve quarenta dias, tentado pelo demônio” (Mc 1,13).

São Leão Magno comenta que “o Senhor quis sofrer o ataque do tentador para defender com sua ajuda e ensinar pelo seu exemplo” (Tractatus XXXIX,3 De ieiunio quadragesimae: CCL 138/A, Turnholti 1973, 214-215).

O que pode nos ensinar este episódio?

Como lemos no livro Imitação de Cristoo homem nunca é totalmente livre da tentação, até o fim da vida… Mas com paciência e verdadeira humildade, se tornará mais forte do que qualquer inimigo (Liber I, c. XIII Cidade do Vaticano 1982, 37)a paciência e a humildade de seguir todos os dias o Senhor, aprendendo a construir a nossa vida não sem Ele ou como se Ele não existisse, mas Nele e com Ele, porque é a fonte da verdadeira vida.

A tentação de remover Deus, conduzindo as coisas no mundo, contando apenas com suas próprias habilidades, está sempre presente na história do homem.

Jesus proclama que “o tempo se cumpriu e o reino de Deus está próximo” (Mc 1,15), anuncia que Nele acontece algo novo: Deus se fez homem, de modo inesperado, com uma proximidade única e concreta, plena de amor; Deus se encarna e entra no mundo como homem e pega para si o pecado, para vencer o mal e reconduzir o homem ao mundo de Deus.

Mas este anúncio é acompanhado por uma exigência: corresponder a esse dom tão grande.Jesus, de fato, acrescenta: “convertei-vos e crede no evangelho” (Mc 1,15); é o convite a ter fé em Deus e a converter todos os dias nossa vida a Sua vontade, orientando, para o bem, cada ação nossa e cada pensamento.

O tempo da Quaresma é um momento propício para renovar e melhorar o equilíbrio do nosso relacionamento com Deus, por meio da oração cotidiana, os gestos de penitência e as obras de caridade fraterna.

Supliquemos com fervor a Maria Santíssima para que acompanhe o nosso caminho quaresmal com sua proteção e nos ajude a imprimir em nosso coração e em nossa vida a Palavra de Jesus Cristo, para convertermos a Ele. Confio, por fim, as vossas orações pela semana de exercícios espirituais que iniciarei nesta noite junto aos meus colaboradores da Cúria Roma.

Fonte: Boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé.

Extraído do site: http://www.derradeirasgracas.com/3.%20Papa%20Bento%20XVI/Angelus%20do%20Papa%20Bento%20XVI%2026.02.2012%20.htm


PROMESSAS DE JESUS AOS DEVOTOS DA VIA SACRA

fevereiro 25, 2012

PROMESSAS DE JESUS

AOS DEVOTOS DA VIA SACRA

 

Na idade de 18 anos, um jovem espanhol, chamado Estanislau, ingressou ao noviciado, na vida religiosa, este jovem fez os votos de religião que são: O cumprimento dos regramentos; avançar na perfeição cristã e alcançar o amor puro. O mês de outubro de 1926, este irmão se ofereceu a Jesus por intermédio de Maria Santíssima.

Pouco depois de ter feito esta doação heróica de si mesmo, o jovem religioso ficou doente e foi obrigado a descansar. Morreu santamente no mês de março, 1927.

 

Segundo o mestre de noviços, este religioso era uma alma escolhida de Deus; e que recebia mensagens do Céu. Os confessores do jovem, assim como os teólogos, reconheceram estes feitos sobrenaturais. O diretor espiritual do irmão Estanislau lhe havia ordenado escrever todas as promessas transmitidas por Nosso Senhor. Isto seria para o bem espiritual dos que fossem devotos da Via Crucis.

 

As Promessas para os devotos da Via Crucis feitas por Jesus ao irmão Estanislau.

1. Eu concederei tudo quando Me pedirem com fé, durante a Via Crucis.

2. Eu prometo a vida eterna aos que, de vez em quando, se aplicarem a rezar a Via Crucis.

3. Durante a vida, eu lhes acompanharei em todo lugar e terão Minha ajuda especial na hora da morte.


4. Ainda que tiverem mais pecados que as folhas da erva que cresce nos campos, e mais que os grãos de areia do mar, todos serão apagados por meio desta devoção, a Via Crucis. (Importante: Esta devoção não elimina a obrigação de confessar os pecados mortais. Se deve confessar antes de receber a Santa Comunhão.)

5. Os que acostumarem rezar a Via Crucis freqüentemente, terão de uma Glória extraordinária no Céu.

6. Depois da morte, se estes devotos chegarem ao Purgatório, eu os livrarei desse lugar de expiação, na primeira terça-feira ou sexta-feira depois da morte.

7. Eu abençoarei a estas almas cada vez que rezarem a Via Crucis; e minha benção lhes acompanhará em todas partes da terra. Depois da morte, gozarão desta benção no Céu, por toda a eternidade.

8. Na hora da morte, não permitirei que sejam sujeitos a tentação do demônio. Ao espírito maligno lhe tirarei todo o poder sobre estas almas. Assim poderão repousar tranqüilamente em Meus Braços.

9. Se rezam com verdadeiro amor, serão altamente premiados. Quer dizer, converterei a cada uma destas almas em um recipiente vivo, onde Eu irei derramar Minha graça.

10. Fixarei Meus Olhos sobre aquelas almas que rezarem a Via Crucis com freqüência e Minhas mãos estarão sempre abertas para protegê-las.

11. Assim como Eu fui cravado na Cruz, igualmente estarei sempre muito unido aos que Me honram, com a reza freqüente da Via Crucis.

12. Os devotos da Via Crucis nunca se separarão de Mim porque eu lhes darei a graça de jamais cometer um pecado mortal.

13. Na hora da morte, eu lhes consolarei com Minha presença, e iremos juntos ao Céu. A morte será doce para todos os que Me tem honrado durante a vida com a reza da Via Crucis.

14. Para estes devotos da Via Crucis, Minha Alma será um escudo de proteção que sempre lhes prestará o auxilio quando recorram a Mim.

> MEDITAÇÕES DAS ESTAÇÕES DA VIA SACRA.

Fonte: http://www.derradeirasgracas.com/2.%20Segunda%20Página/Orações%20e%20Promessas/PEDIDOS%20DE%20ORAÇÃO%20DE%20NOSSO%20SENHOR%20JESUS%20CRISTO/Promessas%20de%20Jesus%20aos%20devotos%20da%20Via%20sacra.htm


TESTEMUNHO DE HUÊNIA: “EU FUI RESGATADA POR DEUS DO FUNDO DO POÇO”

fevereiro 25, 2012

REDESCOBRIR A ORAÇÃO

fevereiro 25, 2012

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Redescobrir a oração

Exercício para alcançar qualidade de vida
A oração é um exercício fundamental na busca pela qualidade de vida. Nas indicações que não podem faltar, especialmente para a vida cristã, estão a prática e o cultivo disciplinado da oração. É um exercício que tem força incomparável em relação às diversas abordagens de autoajuda, como livros e DVDs, muito comuns na atualidade.
A crise existencial contemporânea, em particular na cultura ocidental, precisa redescobrir o caminho da oração para uma vida de qualidade. Equivocado é o entendimento que pensa a oração como prática exclusiva de devotos. A oração guarda uma dimensão essencial da vida cristã. Cultivar essa prática é um segredo fundamental para reconquistar a inteireza da própria vida e fecundar o sentido que a sustenta.É muito oportuno incluir entre as diversificadas opiniões, junto aos variados assuntos discutidos cotidianamente, o que significa e o que se pode alcançar pelo caminho da oração. Perdê-la como força e não adotá-la como prática diária é abrir mão de uma alavanca com força para mover mundos. A fé cristã, por meio da teologia, tem por tradição abordar a importância da oração ao analisar a sua estrutura fundamental, seus elementos constitutivos, suas formas e os modos de sua experiência. Trata-se de uma importante ciência e de uma prática rica para fecundar a fé.

A oração tem propriedades para qualificar a vida pessoal, familiar, social e comunitária. Muitos podem desconhecer, mas ela [oração] pode ser um laço irrenunciável com o compromisso ético. É prática dos devotos, mas também um estímulo à cidadania. Ao contrário de ser fuga das dificuldades, é clarividência e sabedoria, tão necessários no enfrentamento dos problemas. Na verdade, a prece faz brotar uma fonte interior de decisões, baseadas em valores com força qualitativa.

A oração, como prática e como inquestionável demanda, no entanto, passa por uma crise por razões socioculturais. Aliás, uma crise numa cultura ocidental que nunca foi radicalmente orante. O secularismo e a mentalidade racionalista se confrontam com aspectos importantes da vida oracional, como a intercessão e a contemplação. Diante desse cenário, é importante sublinhar: paga-se um preço muito alto quando se configura o caminho existencial distante da dimensão transcendente. O distanciamento, o desconhecimento e a tendência de banir o divino como referencial produzem vazios que atingem frontalmente a existência.

É longo o caminho para acertar a compreensão e fazer com que todos percebam o horizonte rico e indispensável da oração. Faz falta a clareza de que existem situações e problemas que a política, a ciência e a técnica não podem oferecer soluções, como o sentido da vida e a experiência de uma felicidade duradoura. A oração é caminho singular. É, pois, indispensável aprender a orar e cultivar a disciplina diária da oração. Trata-se de um caminhar em direção às raízes e ao essencial. Nesse caminho está um remédio indispensável para o mundo atual, que proporciona mais fraternidade e experiências de solidariedade.

A lógica dominante da sociedade contemporânea está na contramão dessa busca. Os mecanismos que regem o consumismo e a autossuficiência humana provocam mortes. Sozinho, o progresso tecnológico, tão necessário e admirável, produz ambiguidades fatais e inúmeras contradições. Orar desperta uma consciência própria de autenticidade. Impulsiona à experiência humilde do próprio limite e inspira a conversão. É recomendação cristã determinante dos rumos da vida e de sua qualidade. A Igreja Católica tem verdadeiros tesouros, na forma de tratados, de estudos, de reflexões, e de indicações para o cultivo da oração, que remetem à origem do Cristianismo, quando os próprios discípulos pediram a Jesus: “Ensina-nos a orar”. É uma tarefa missionária essencial na fé, uma aprendizagem necessária, um cultivo para novas respostas na qualificação pessoal e do tecido cultural sustentador da vida em sociedade.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte

24/02/2012 

Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?e=12681


COMENTÁRIO DO EVANGELHO DE DOMINGO DIA 26/02/2012

fevereiro 24, 2012

COMENTÁRIO DO EVANGELHO DO PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA ANO B, DO DIA 26 DE FEVEREIRO DE 2012, FEITO PELO PADRE MATEUS MARIA, FMDJ.

Clique no link abaixo e assista:

http://pt.gloria.tv/?media=258685


PADRE FABIO DE MELO: O ESSENCIAL E O SUPÉRFLUO

fevereiro 24, 2012

O SACRAMENTO DA EUCARISTIA

fevereiro 24, 2012

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O Sacramento da Eucaristia

Ela é a fonte e o centro de toda a vida cristã

Continuando a reflexão sobre os sacramentos, ensinados pelo Catecismo da Igreja Católica, chegamos à Sagrada Eucaristia, esta que, juntamente com o Batismo e a Confirmação, faz parte do sacramento de iniciação cristã. Ela que é o misterioso centro de todos estes sacramentos. Portanto, ela é a fonte e o centro de toda a vida cristã.

Esse sacramento é conhecido por diversos nomes, como: Eucaristia, Santa Missa, Ceia do Senhor, Fracção do pão, Celebração Eucarística, Memorial da Paixão, da Morte e da Ressurreição do Senhor, Santo Sacrifício, Santa e Divina Liturgia, Santos Mistérios, Santíssimo Sacramento do altar, Santa Comunhão.

Originalmente a Sagrada Eucaristia era a oração de ação de graças da Igreja primitiva, precedia a consagração do pão e do vinho, posteriormente a palavra foi conferida a toda a celebração da Santa Missa. A Sagrada Eucaristia é o sacramento em que Jesus entrega o Seu Corpo e o Seu Sangue – Ele próprio, por nós, para que também nos entreguemos a Ele em amor e nos unamos a Ele na Sagrada Comunhão. É o próprio sacrifício do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus, que Ele instituiu para perpetuar o sacrifício da cruz no decorrer dos séculos até o Seu regresso, confiando assim à Sua Igreja o memorial da Sua Morte e Ressurreição. É o sinal da unidade, o vínculo da caridade, o banquete pascal, em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é dado o penhor da vida eterna.

Sendo, portanto, a Eucaristia um memorial no sentido que torna presente e atual o sacrifício que Cristo ofereceu ao Pai, uma vez por todas, na cruz, em favor da humanidade. O carácter sacrificial da Eucaristia manifesta-se nas próprias palavras da instituição dela: “Isto é o meu corpo, que vai ser entregue por vós” e “este cálice é a nova aliança no meu sangue, que vai ser derramado por vós” (Lc 22,19-20). O sacrifício da cruz e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício. Idênticos são a vítima e Aquele que oferece, diverso é só o modo de oferecer-se: cruento na cruz, incruento na Eucaristia.

A Igreja participa do Sacrifício Eucarístico de forma direta, pois, na Eucaristia, o sacrifício de Cristo torna-se também o sacrifício dos membros do Seu Corpo. A vida dos fiéis, o seu louvor, o seu sofrimento, a sua oração, o seu trabalho são unidos aos de Cristo. Enquanto sacrifício, a Eucaristia é também oferecida por todos os fiéis vivos e defuntos em reparação dos pecados de todos os homens e para obter de Deus benefícios espirituais e temporais. A Igreja do céu está unida também à oferta de Cristo.

Jesus Cristo está presente na Eucaristia de um modo único e incomparável. De fato, está presente de modo verdadeiro, real, substancial: com o Seu Corpo e o Seu Sangue, com a Sua Alma e a Sua Divindade. Nela está presente em modo sacramental, isto é, sob as Espécies Eucarísticas do pão e do vinho, Cristo completo: Deus e homem.

O cristão é chamado, desta forma, a adorar a Eucaristia, por isso a Igreja conserva com a maior diligência as Hóstias Consagradas, leva-as aos enfermos e às pessoas impossibilitadas de participar da Santa Missa, apresenta-as à solene adoração dos fiéis, leva-as em procissão e convida à visita frequente e à adoração do Santíssimo Sacramento conservado no tabernáculo. A Igreja obriga os fiéis a participar da Santa Missa aos domingos e nas festas de preceito, e recomenda a participação dela também nos outros dias. Da mesma forma, a Igreja recomenda aos fiéis que participam da Santa Missa que também recebam, com as devidas disposições, a Sagrada Comunhão, prescrevendo a obrigação de a receber ao menos na Páscoa.

Porém, para receber a Sagrada Comunhão é preciso estar plenamente incorporado à Igreja Católica e em estado de graça, isto é, sem consciência de pecado mortal. Quem tem consciência de ter cometido pecado grave deve receber o sacramento da reconciliação antes da Comunhão. São também importantes o espírito de recolhimento e de oração, a observância do jejum prescrito pela Igreja e ainda a atitude corporal (gestos, trajes), como sinal de respeito para com Cristo.

Os frutos da sagrada Comunhão são diversos; ela aumenta a nossa união com Cristo e com a Sua Igreja, conserva e renova a vida da graça recebida no batismo e no crisma, e faz-nos crescer no amor para com o próximo. Fortalecendo-nos na caridade, perdoa os pecados veniais e preserva-nos dos pecados mortais, no futuro.

Por fim, a Eucaristia nos enche das graças e bênçãos do céu, fortalece-nos para a peregrinação desta vida, faz-nos desejar a vida eterna, unindo-nos desde já a Cristo, sentado à direita do Pai, à Igreja do Céu, a Santíssima Virgem e a todos os santos. A Sagrada Eucaristia é de tal forma a vida dos cristãos que Santo Tomás de Aquino afirmou que ela possui, no fundo, o efeito da transformação do ser humano em Deus, e Santo Inácio de Antioquia ensinou que, nela [Eucaristia], partimos o mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto para não morrermos e, dessa forma, vivermos eternamente em Jesus Cristo. Portanto, o sacrifício de Jesus na cruz torna-se presente durante a consagração do pão e do vinho, ou seja, na Eucaristia, desta forma, os mistérios da Eucaristia são os mistérios do próprio Cristo. Este é um grande dom da nossa fé: crer que, na Eucaristia, Jesus se faz presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade.

Redação Portal
Fonte: Catecismo da Igreja Católica

23/02/2012

Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?e=12679


DENIS DUARTE: PORQUE FAZER PENITÊNCIA NA QUARESMA?

fevereiro 23, 2012

PAPA BENTO XVI: O TEMPO QUARESMAL

fevereiro 23, 2012

Catequese de

Bento XVI

O Tempo

Quaresmal.

22.02.2012 – Cidade do Vaticano: Nesta Quarta-feira de Cinzas, S.S. o Papa Bento XVI dedicou sua catequese na Audiência Geral à Quaresma.

Queridos irmãos e irmãs,

Nesta catequese gostaria de deter-me brevemente sobre o tempo da Quaresma, que inicia-se hoje com a liturgia da quarta-feira de cinzas. Se trata de um itinerário de quarenta dias que nos conduzirá ao Tríduo Pascal, memória da paixão, morte e ressurreição do Senhor, o coração do mistério da nossa salvação.

Nos primeiros séculos de vida da Igreja, este era o tempo no qual aqueles que tinha escutado e acolhido o anúncio de Cristo, iniciavam passo a passo, o caminho de fé e de conversão para chegar ao Sacramento do Batismo. Se tratava de uma aproximação ao Deus vivo e de uma iniciação à fé que deveria cumprir-se gradualmente, mediante uma mudança interior por parte dos catecúmenos, isto é, daqueles que desejavam tornarem-se cristãos e serem incorporados ao Cristo e à Igreja.

Sucessivamente, também os penitentes e depois todos os fiéis foram convidados a viver este itinerário de renovação espiritual, para conformar sempre mais a própria existência àquela de Cristo. A participação de toda a comunidade nas diversas passagens do percurso quaresmal sublinha uma dimensão importante da espiritualidade cristã: é a redenção não de alguns, mas de todos graças à morte e ressurreição de Cristo.

Portanto, caso fossem aqueles que percorriam um caminho de fé como catecúmenos para receber o Batismo, ou aqueles que estavam distantes de Deus e da comunidade de fé e procuravam a reconciliação, ou mesmo aqueles que viviam a fé em plena comunhão com a Igreja, todos juntos sabiam que o tempo que precede a Páscoa, é um tempo de Metanóia, isto é de mudança interior, do arrependimento, o tempo que identifica a nossa vida humana e toda a nossa história como um processo de conversão e coloca em movimento agora para encontrar o Senhor nos fins dos tempos.

Com uma expressão que se tornou típica na Liturgia, a Igreja denomina o período no qual entramos hoje “Quadragésima”, isto é tempo de quarenta dias e com uma clara referência à Sagrada Escritura, nos introduz assim em um precioso contexto espiritual.

Quarenta é de fato, o numero simbólico com o qual o Antigo e o Novo Testamento representam os momentos fortes da experiência de fé do Povo de Israel. È um numero que exprime o tempo de espera, da purificação, do retorno ao Senhor, da consciência que Deus é fiel às suas promessas. Este numero não representa um tempo cronologico exato, uma soma de dias.

Indica mais que isso, uma paciente perseverança, uma longa prova, um período suficiente para ver as obras de Deus, um tempo no qual é necessário decidir-se e a assumir as próprias responsabilidades. È um tempo de decisões maduras.

O número quarenta aparece antes de tudo na história de Noé. Este homem justo, que por causa do dilúvio transcorre quarenta dias e quarenta noites na arca, junto à sua família e aos animais que Deus havia dito de leva-los consigo. E espera outros quarenta dias, depois do dilúvio, antes de tocar na terra firme, que foi salva da destruição (Gen 7,4.12;8,6).

Depois, a próxima etapa: Moisés fica sobre o Monte Sinai, diante da presença do Senhor, quarenta dias e quarenta noites, para acolher a Lei. Em todo este tempo jejua (Ex 24,18).

Quarenta são os anos de viagem do povo hebreu do Egito à Terra prometida, tempo de experimentar a fidelidade de Deus. “Recorda-te de todo o caminho que o Senhor, teu Deus, te fez percorrer nestes quarenta anos. O teu manto não se rasgou pelo seu uso nem os pés se incharam nestes quarenta anos” (Dt 8,2.4).

Os anos de paz que Israel experimenta em Juízes são quarenta (Jz 3,11.30), mas transcorrido este tempo, inicia o esquecimento dos dons de Deus e o retorno ao pecado. O profeta Elias leva quarenta dias para atingir o Oreb, o monte onde encontra Deus (I Re 19,8). Quarenta são os dias durante os quais os cidadãos de Nínive fazem penitência para obterem o perdão de Deus. Quarenta também são os anos dos reinos de Saul, de Davi e de Salomão, os três primeiros reis de Israel.

Também os Salmos refletem sobre o significado bíblico dos quarenta dias, como por exemplo o Salmo 95, do qual ouvimos o trecho: “Se escutásseis hoje a sua voz! “Nao endureceis o coração como em Meriba, como no dia de Massa no deserto, onde me tentaram os vossos pais: me colocaram à prova, mesmo tendo visto as minhas obras. Por quarenta anos me desgostou aquela geração e eu disse: são um povo de coração transviado, não conhecem as minhas vias” (v 7c-10).

No Novo Testamento, Jesus, antes de iniciar a vida pública, se retira no deserto por quarenta dias, sem comer, nem beber (Mt 4,2), se nutre da Palavra de Deus, que usa como arma para vencer o diabo. As tentações de Jesus fazem referência àquelas que o povo hebraico enfrentou no deserto, mas que não souberam vencer. Quarenta são os dias durante os quais Jesus Ressuscitado instruiu os seus, antes de ascender ao Céu e enviar o Espírito Santo (At 1,3).

Com este recorrente numero de quarenta é descrito um contexto espiritual que permanece atual e válido, e a Igreja, exatamente mediante os dias do período quaresmal, mantém o perdurante valor e os tornam a nós presente a eficácia. A liturgia cristã da Quaresma tem o objetivo de favorecer um caminho de renovação espiritual, à luz desta longa experiência bíblica e sobretudo para aprender a imitar Jesus, que nos quarenta dias transcorridos no deserto ensinou a vencer a tentação com a Palavra de Deus.

Os quarenta dias da peregrinação de Israel no deserto apresentam atitudes e situações ambivalentes. De uma parte essas são a estação do primeiro amor com Deus e entre Deus e seu povo, quando Ele falava ao coração, indicando-lhes continuamente a estrada a ser percorrida. Deus havia tomado, por assim dizer, morada em meio a Israel, o precedia dentre de uma nuvem ou uma coluna de fogo, providenciava todos os dias o necessário fazendo descer o maná e fazendo brotar a água da rocha.

Portanto, os anos transcorridos por Israel no deserto se podem ver como o tempo da especial eleição de Deus e da adesão à Ele da parte do povo: tempo do primeiro amor. Por outro lado, a Bíblia mostra também uma outra imagem da peregrinação de Israel no deserto: é também o tempo das tentações e dos perigos maiores, quando Israel murmura contra o seu Deus e quer voltar ao paganismo e constroem os próprios idolos, diante da exigência de venerar um Deus mais próximo e tangível. E também um tempo da rebelião contra Deus grande e invisível.

Esta ambivalência, tempo de especial proximidade a Deus – tempo do primeiro amor – e tempo da tentação – tentação do retorno ao paganismo – a encontramos em modo surpreendente no caminho terreno de Jesus, naturalmente sem nenhum comprometimento com o pecado.

Depois do batismo de penitência do Jordão, no qual assume sobre si o destino do Servo de Deus que renuncia a si mesmo e vive pelos outros e se coloca entre os pecadores para tomar sobre si o pecado do mundo, Jesus se refugia no deserto para estar quarenta dias em profunda união com o Pai, repetindo assim a história de Israel, todos aquelas sequências de quarenta dias ou anos os quais citei.

Esta dinâmica é uma constante na vida terrena de Jesus, que procura sempre um momento de solidão para orar ao seu Pai e permanecer em intima comunhão, em intima solidão com Ele, em exclusiva comunhão com Ele, para depois retornar para o meio das pessoas. Mas neste tempo de “deserto” e de encontro especial com o Pai, Jesus se encontra exposto ao perigo e é invadido pela tentação e pela sedução do Maligno, o qual o propõe uma outra via messiânica, longe do projeto de Deus, porque passa através do poder, do sucesso, do dinheiro, do domínio e não através do dom total na cruz. Esta é a alternativa: um messinanismo de poder, de sucesso ou um messianismo de amor, de dom de si.

Esta situação de ambivalência descreve também a condição da Igreja no caminho no “deserto’ do mundo e da história. Neste deserto, nós cristãos temos certamente a oportunidade de fazer uma profunda experiência com Deus que faz forte o espírito, confirma a fé, nutre a esperança, anima a caridade; uma experiência que nos faz participantes da vitoria de Cristo sobre o pecado e sobre a morte mediate o sacrificio de amor na cruz.

Mas o “deserto” É também o aspecto negativo da realidade que nos circunda: a aridez, a pobreza das palavras de vida e de valores, o secularismo e a cultura materialista, que fecham a pessoa no horizonte mundano do existir diminuindo toda referência à transcedência.

É este também o ambiente no qual o céu que está sobre nós é obscuro, porque está coberto pelas nuves do egoísmo, da incompreessão e do engano. Apesar disso, também para a Igreja de hoje, o tempo do deserto pode transformar-se em tempo de graça, já que temos a certeza que também da rocha mais dura, Deus pode fazer brotar agua vida que mata a sede e restaura.

Queridos irmãos e irmãs, nestes quarenta dias que nos conduzirão à Pascoa podemos encontrar nova coragem para aceitar com paciência e com fé todas as situações de dificuldade, de aflições e de prova, na consciência que das trevas o Senhor faz surgir um dia novo. E se tivermos sido fiéis a Jesus seguindo-o na vida da Cruz, o claro mundo de Deus, o mundo da luz, da verdade e da alegria nos será restabelecido: será a aurora nova criada pelo próprio Deus. Bom caminho quaresmal a todos.

Fonte: Boletim de Sala de Imprensa da Santa Sé

Extraído do site: http://www.derradeirasgracas.com/3.%20Papa%20Bento%20XVI/Catequese%20de%20Bento%20XVI%20-%20Quaresma%20-.htm


QUARESMA: TEMPO DE JEJUM, ORAÇÃO, SOLIDARIEDADE.

fevereiro 22, 2012

“FILHO, OS TEUS PECADOS ESTÃO PERDOADOS”

fevereiro 22, 2012

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“Filho, os teus pecados estão perdoados”

Fomos todos feitos para a vida e a liberdade
 

Jesus está em Cafarnaum e a multidão acorre ao local em busca de atenção e de cura. Quatro homens trazem um paralítico (Mcf. c 2, 1-12), que é apresentado diante de Jesus de forma inusitada, descido do telhão numa maca. Dá para imaginar os olhares circunstantes, surpresa pela magnífica manifestação de fé, que se faz solidariedade por parte daqueles homens. Não é menor a expectativa dos adversários de Jesus, sempre vigilantes para analisar e condenar suas atitudes. De sua boca tomamos o ponto de partida de nossa reflexão: “Ninguém pode perdoar pecados, a não ser Deus” (Mc 2,7).

Os seres humanos são capazes de cometer pecados, mas não de perdoá-los. O drama de nosso tempo é pretender absolver-se a si mesmo, no dizer de um personagem de Jean Paul Sartre: “Eu mesmo hoje me acuso e só eu posso também absolver-me”. Ou então a outra pretensão: negar que exista um problema chamado pecado. São sinais da perda do sentido moral! Por experiência própria, sabemos que existe o mistério do pecado e da iniquidade e sabemos que o perdão só pode vir do Alto!

Quando Jesus encontra o paralítico, sendo Ele mesmo Deus verdadeiro, sem que manifestem externamente, sabe o que pensam Seus opositores ali presentes, tanto que vai à raiz do mal que movia os pensamentos desses homens. A cura física que se segue foi a demonstração da restauração verdadeira do interior daquele homem. O mesmo Jesus, “Cordeiro que tira o pecado do mundo”, quer vir e efetivamente vem ao encontro de todos os que se descobrem pecadores e carentes de perdão.

“Tu, Jacó deixaste de me invocar, tu, Israel, ficaste cansado de mim. Não mais me ofereceste cordeiros em holocausto, deixaste de me glorificar com teus sacrifícios. Nunca te afadiguei por oferendas nem te incomodei por causa de incenso. Tu não me compraste com aromas como se fosse dinheiro, nem me saciaste com as carnes gordas dos sacrifícios. Tu, sim, me afadigaste com teus pecados, e me incomodaste com tuas culpas. Eu, eu sou aquele que apaga tuas maldades, por causa de mim mesmo, de teus pecados nunca mais me lembrarei” (Is 43,22-25).

Não é de hoje o relaxamento da consciência e a perda do sentido do pecado. Desde sempre, quem toma a iniciativa é o próprio Deus! Ele perdoa não tanto porque sejamos “bonzinhos”, mas nos provoca positivamente, oferecendo gratuitamente Seu perdão. Ele mesmo vai ao encontro das paralisias mais profundas, que nos impedem viver de verdade. Sua aproximação acontece com entranhas de misericórdia. Deus é apaixonado pelos pecadores, ainda que abomine o pecado. É que não fomos feitos para amassar barro na iniquidade, mas feitos para o Alto e para caminhar para frente, rumo à plenitude de vida. Seu plano é a comunhão entre as pessoas humanas e com Ele.

O pecado, reconhecido e posto diante de Seus olhos, pode ser e é queimado pela graça. “Se caminhamos na luz, como ele está na luz, então estamos em comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Meus filhinhos, escrevo isto para que não pequeis. No entanto, se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor: Jesus Cristo, o Justo. Ele é a oferenda de expiação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos pecados do mundo inteiro” (I Jo 1,7;2,1-2). 

 Quando a Igreja celebra a Eucaristia, torna-se presente o único sacrifício de Cristo, cujo Sangue foi derramado para o perdão dos pecados. Quando os cristãos se aproximam do Sacramento da Penitência ou Reconciliação, o ministro é instrumento d’Qquele que efetivamente perdoa. É um serviço oferecido às pessoas e à angústia profunda gerada pelo pecado! Além disso, viver na Igreja é sempre entrar numa estrada de pacificação e reconciliação. Somos um povo chamado à paz, cuja fonte é Cristo Ressuscitado. Os cristãos têm a grande responsabilidade de serem sinais da possibilidade e da efetiva realização da reconciliação.

Estamos prestes a iniciar a Quaresma. Voltando nossos olhos para o Alto e para frente, mirando a Páscoa, vida nova no Cristo ressuscitado. Os cristãos querem oferecer ao mundo um anúncio! A maldade não tem a última palavra, a corrupção e o egoísmo não são o destino último da humanidade. Fomos todos feitos para a vida e a liberdade! Ressoe a palavra de Deus no profeta Isaías, chegando aos corações de todos: “Não deveis ficar lembrando as coisas de outrora, nem é preciso ter saudades das coisas do passado. Eis que estou fazendo coisas novas, estão surgindo agora e vós não percebeis? Sim, no deserto eu abro um caminho, rasgo rios na terra seca” (Is 43,18-19).

Foto Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém – PADom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.

17/02/2012

Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?e=12674


PADRE FABIO DE MELO: COMO PERDOAR QUEM NÃO MUDA

fevereiro 21, 2012

COMO OS SANTOS VIVIAM O CARNAVAL?

fevereiro 21, 2012

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Como os santos viviam o Carnaval?

É possível encontrar-se com Jesus nestes dias

Como será que os santos viviam esses dias de Carnaval? Essa pergunta desperta uma certa curiosidade. A maior festa popular do país está se aproximando, fiquei muito surpreso ao ler na obra: Meditações para todos os dias do ano, tiradas das obras ascéticas de Santo Afonso Maria de Ligório, do padre Thiago Maria Cristini, reflexões sobre este doutor da Igreja a respeito dessa festividade. Apresento essa reflexão para nos ajudar a santificar este tempo, que, infelizmente, tem sido de incentivo ao pecado por parte da mídia em geral.

“Guarde a fé ao teu amigo na sua pobreza, para que também te alegres com ele nas suas riquezas” (Eclo 22,28).

A partir deste versículo, Santo Afonso nos ensina que, por este amigo, a quem o Espírito Santo nos exorta a sermos fiéis no tempo da sua pobreza, podemos entender Jesus Cristo, que especialmente nestes dias de folia é deixado sozinho pelos homens ingratos e como que reduzido à extrema penúria.

Se um só pecado, como dizem as Sagradas Escrituras, já desonra a Deus, causando-Lhe injúria e desprezo, imagine quanto o Divino Redentor deve ficar aflito neste tempo em que são cometidos milhares de pecados de todas as espécies, por pessoas de todas as condições, e quiçá por pessoas que são consagradas a Ele. Jesus Cristo não é mais susceptível de dor; mas, se ainda pudesse sofrer, haveria de morrer nestes dias desgraçados e haveria de morrer tantas vezes quantas são as ofensas que Lhe são feitas. Da mesma forma, é por isso que os santos, a fim de fazerem um ato de desagravo ao Senhor pelos tantos ultrajes, aplicavam-se no tempo de Carnaval, de modo especial, ao recolhimento, à penitência, à oração, e multiplicavam os atos de amor, de adoração e de louvor para com o seu Bem-Amado.

Nesse tempo carnavalesco, Santa Maria Madalena de Pazzi passava as noites inteiras diante do Santíssimo Sacramento, oferecendo a Deus o Sangue de Jesus Cristo pelos pobres pecadores. O bem-aventurado Henrique Suso guardava um jejum rigoroso a fim de expiar as intemperanças cometidas. São Carlos Borromeu castigava o seu corpo com disciplinas e penitências extraordinárias. São Filipe Neri convocava o povo para visitar com ele os santuários e praticar exercícios de devoção. O mesmo praticava São Francisco de Sales, que, não contente com a vida mais recolhida que então levava, pregava ainda na igreja diante de um auditório numerosíssimo. Tendo conhecimento que algumas pessoas por ele dirigidas ficavam um pouco mais relaxadas nos dias de folia, repreendia-as com brandura e exortava-as à comunhão frequente.

Numa palavra, todos os santos, porque amaram a Jesus Cristo, esforçaram-se por santificar o tempo de Carnaval da melhor forma possível. Meu irmão, se você ama também este Redentor amabilíssimo, imite os santos. Se não pode fazer mais, procure ao menos ficar, mais do que em outros tempos, na presença de Jesus Sacramentado, ou bem recolhido em sua casa, aos pés Jesus crucificado, para chorar as muitas ofensas que são feitas a Ele.

Continuando a reflexão, Santo Afonso afirma que para nos alegrarmos com ele nas suas riquezas, o meio para adquirirmos um tesouro imenso de méritos e obtermos do céu as graças mais assinaladas é sendo fiéis a Jesus Cristo em Sua pobreza e fazermos companhia a Ele neste tempo em que é mais abandonado pelo mundo. Oh, como Jesus agradece e retribui as orações e os obséquios que nestes dias carnavalescos são oferecidos a Ele pelas almas prediletas d’Ele!

Conta-se que, na vida de Santa Gertrudes, certa vez ela viu num êxtase o Divino Redentor que ordenava ao Apóstolo São João escrevesse com letras de ouro os atos de virtude feitos por ela nesse período [Carnaval], a fim de a recompensar com graças especialíssimas. Foi exatamente neste mesmo tempo, enquanto Santa Catarina de Sena estava orando e chorando os pecados que se cometiam na “quinta-feira gorda”, que o Senhor a declarou sua esposa, em recompensa (como disse) dos obséquios praticados por ela nesse tempo de tantas ofensas.

Por fim, Santo Afonso nos convida a rezar da seguinte forma: Amabilíssimo Jesus, não é tanto para receber os vossos favores como para fazer coisa agradável ao vosso divino Coração, que quero nestes dias unir-me às almas que Vos amam, para Vos desagravar da ingratidão dos homens para convosco, ingratidão essa que foi também a minha, cada vez que pequei. Em compensação de cada ofensa que recebeis, quero oferecer-Vos todos os atos de virtude, todas as boas obras, que fizeram ou ainda farão todos os justos, que fez Maria Santíssima, que fizestes Vós mesmo, quando estáveis nesta terra. Entendo renovar esta minha intenção todas as vezes que nestes dias disser: Meu Jesus, misericórdia. – Ó grande Mãe de Deus e minha Mãe Maria, apresentai vós este humilde ato de desagravo a vosso Divino Filho, e por amor de seu sacratíssimo Coração obtende para a Igreja sacerdotes zelosos, que convertam grande número de pecadores.

Padre Clóvis Melo – Comunidade Canção Nova http://blog.cancaonova.com/padreclovis/

16/02/2012

Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?e=12675


RICARDO SÁ E ELIANA SÁ: A ESCOLHA ENTRE DUAS ESTRADAS

fevereiro 20, 2012

MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI PARA A QUARESMA 2012

fevereiro 20, 2012

Mensagem do Papa Bento XVI
para a Quaresma 2012.

«Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (Heb 10, 24)

Irmãos e irmãs!

A Quaresma oferece-nos a oportunidade de refletir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal.

Desejo, este ano, propor alguns pensamentos inspirados num breve texto bíblico tirado da Carta aos Hebreus: «Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (10, 24). Esta frase aparece inserida numa passagem onde o escritor sagrado exorta a ter confiança em Jesus Cristo como Sumo Sacerdote, que nos obteve o perdão e o acesso a Deus. O fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes teologais: trata-se de nos aproximarmos do Senhor «com um coração sincero, com a plena segurança da fé» (v. 22), de conservarmos firmemente «a profissão da nossa esperança» (v. 23), numa solicitude constante por praticar, juntamente com os irmãos, «o amor e as boas obras» (v. 24). Na passagem em questão afirma-se também que é importante, para apoiar esta conduta evangélica, participar nos encontros litúrgicos e na oração da comunidade, com os olhos fixos na meta escatológica: a plena comunhão em Deus (v. 25). Detenho-me no versículo 24, que, em poucas palavras, oferece um ensinamento precioso e sempre atual sobre três aspectos da vida cristã: prestar atenção ao outro, a reciprocidade e a santidade pessoal.

1. «Prestemos atenção»: a responsabilidade pelo irmão.

O primeiro elemento é o convite a «prestar atenção»: o verbo grego usado é katanoein, que significa observar bem, estar atento, olhar conscienciosamente, dar-se conta de uma realidade. Encontramo-lo no Evangelho, quando Jesus convida os discípulos a «observar» as aves do céu, que não se preocupam com o alimento e todavia são objeto de solícita e cuidadosa Providência divina (cf. Lc 12, 24), e a «dar-se conta» da trave que têm na própria vista antes de reparar no argueiro que está na vista do irmão (cf. Lc 6, 41). Encontramos o referido verbo também noutro trecho da mesma Carta aos Hebreus, quando convida a «considerar Jesus» (3, 1) como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote da nossa fé. Por conseguinte o verbo, que aparece na abertura da nossa exortação, convida a fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos. Mas, com frequência, prevalece a atitude contrária: a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela «esfera privada». Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o «guarda» dos nossos irmãos (cf. Gn 4, 9), para estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção ao bem do outro e a todo o seu bem. O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o fato de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor. Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão. O Servo de Deus Paulo VI afirmava que o mundo atual sofre sobretudo de falta de fraternidade: «O mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do universo» (Carta enc. Populorum progressio, 66).

A atenção ao outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os seus aspectos: físico, moral e espiritual. Parece que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é «bom e faz o bem» (Sal 119/118, 68). O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades. A Sagrada Escritura adverte contra o perigo de ter o coração endurecido por uma espécie de «anestesia espiritual», que nos torna cegos aos sofrimentos alheios. O evangelista Lucas narra duas parábolas de Jesus, nas quais são indicados dois exemplos desta situação que se pode criar no coração do homem. Na parábola do bom Samaritano, o sacerdote e o levita, com indiferença, «passam ao largo» do homem assaltado e espancado pelos salteadores (cf. Lc 10, 30-32), e, na do rico avarento, um homem saciado de bens não se dá conta da condição do pobre Lázaro que morre de fome à sua porta (cf. Lc 16, 19). Em ambos os casos, deparamo-nos com o contrário de «prestar atenção», de olhar com amor e compaixão. O que é que impede este olhar feito de humanidade e de carinho pelo irmão? Com frequência, é a riqueza material e a saciedade, mas pode ser também o antepor a tudo os nossos interesses e preocupações próprias. Sempre devemos ser capazes de «ter misericórdia» por quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre. Diversamente, a humildade de coração e a experiência pessoal do sofrimento podem, precisamente, revelar-se fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia: «O justo conhece a causa dos pobres, porém o ímpio não o compreende» (Prov 29, 7). Deste modo entende-se a bem-aventurança «dos que choram» (Mt 5, 4), isto é, de quantos são capazes de sair de si mesmos porque se comoveram com o sofrimento alheio. O encontro com o outro e a abertura do coração às suas necessidades são ocasião de salvação e de bem-aventurança.

O fato de «prestar atenção» ao irmão inclui, igualmente, a solicitude pelo seu bem espiritual. E aqui desejo recordar um aspecto da vida cristã que me parece esquecido: a correção fraterna, tendo em vista a salvação eterna. De forma geral, hoje é-se muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos não era assim, como não o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas quais se tem a peito não só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma tendo em vista o seu destino derradeiro. Lemos na Sagrada Escritura: «Repreende o sábio e ele te amará. Dá conselhos ao sábio e ele tornar-se-á ainda mais sábio, ensina o justo e ele aumentará o seu saber» (Prov 9, 8-9). O próprio Cristo manda repreender o irmão que cometeu um pecado (cf. Mt 18, 15). O verbo usado para exprimir a correção fraterna – elenchein – é o mesmo que indica a missão profética, própria dos cristãos, de denunciar uma geração que se faz condescendente com o mal (cf. Ef 5, 11). A tradição da Igreja enumera entre as obras espirituais de misericórdia a de «corrigir os que erram». É importante recuperar esta dimensão do amor cristão. Não devemos ficar calados diante do mal. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem. Entretanto a advertência cristã nunca há de ser animada por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão. Diz o apóstolo Paulo: «Se porventura um homem for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi essa pessoa com espírito de mansidão, e tu olha para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado» (Gl 6, 1). Neste nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário redescobrir a importância da correção fraterna, para caminharmos juntos para a santidade. É que «sete vezes cai o justo» (Prov 24, 16) – diz a Escritura –, e todos nós somos frágeis e imperfeitos (cf. 1 Jo 1, 8). Por isso, é um grande serviço ajudar, e deixar-se ajudar, a ler com verdade dentro de si mesmo, para melhorar a própria vida e seguir mais retamente o caminho do Senhor. Há sempre necessidade de um olhar que ama e corrige, que conhece e reconhece, que discerne e perdoa (cf. Lc 22, 61), como fez, e faz, Deus com cada um de nós.

2. «Uns aos outros»: o dom da reciprocidade.

O fato de sermos o «guarda» dos outros contrasta com uma mentalidade que, reduzindo a vida unicamente à dimensão terrena, deixa de a considerar na sua perspectiva escatológica e aceita qualquer opção moral em nome da liberdade individual. Uma sociedade como a atual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã! O apóstolo Paulo convida a procurar o que «leva à paz e à edificação mútua» (Rm 14, 19), favorecendo o «próximo no bem, em ordem à construção da comunidade» (Rm 15, 2), sem buscar «o próprio interesse, mas o do maior número, a fim de que eles sejam salvos» (1 Cor 10, 33). Esta recíproca correção e exortação, em espírito de humildade e de amor, deve fazer parte da vida da comunidade cristã.

Os discípulos do Senhor, unidos a Cristo através da Eucaristia, vivem numa comunhão que os liga uns aos outros como membros de um só corpo. Isto significa que o outro me pertence: a sua vida, a sua salvação têm a ver com a minha vida e a minha salvação. Tocamos aqui um elemento muito profundo da comunhão: a nossa existência está ligada com a dos outros, quer no bem quer no mal; tanto o pecado como as obras de amor possuem também uma dimensão social. Na Igreja, corpo místico de Cristo, verifica-se esta reciprocidade: a comunidade não cessa de fazer penitência e implorar perdão para os pecados dos seus filhos, mas alegra-se contínua e jubilosamente também com os testemunhos de virtude e de amor que nela se manifestam. Que «os membros tenham a mesma solicitude uns para com os outros» (1 Cor 12, 25) – afirma São Paulo –, porque somos um e o mesmo corpo. O amor pelos irmãos, do qual é expressão a esmola – típica prática quaresmal, juntamente com a oração e o jejum – radica-se nesta pertença comum. Também com a preocupação concreta pelos mais pobres, pode cada cristão expressar a sua participação no único corpo que é a Igreja. E é também atenção aos outros na reciprocidade saber reconhecer o bem que o Senhor faz neles e agradecer com eles pelos prodígios da graça que Deus, bom e onipotente, continua a realizar nos seus filhos. Quando um cristão vislumbra no outro a ação do Espírito Santo, não pode deixar de se alegrar e dar glória ao Pai celeste (cf. Mt 5, 16).

3. «Para nos estimularmos ao amor e às boas obras»: caminhar juntos na santidade.

Esta afirmação da Carta aos Hebreus (10, 24) impele-nos a considerar a vocação universal à santidade como o caminho constante na vida espiritual, a aspirar aos carismas mais elevados e a um amor cada vez mais alto e fecundo (cf. 1 Cor 12, 31 – 13, 13). A atenção recíproca tem como finalidade estimular-se, mutuamente, a um amor efetivo sempre maior, «como a luz da aurora, que cresce até ao romper do dia» (Prov 4, 18), à espera de viver o dia sem ocaso em Deus. O tempo, que nos é concedido na nossa vida, é precioso para descobrir e realizar as boas obras, no amor de Deus. Assim a própria Igreja cresce e se desenvolve para chegar à plena maturidade de Cristo (cf. Ef 4, 13). É nesta perspectiva dinâmica de crescimento que se situa a nossa exortação a estimular-nos reciprocamente para chegar à plenitude do amor e das boas obras.

Infelizmente, está sempre presente a tentação da tibieza, de sufocar o Espírito, da recusa de «pôr a render os talentos» que nos foram dados para bem nosso e dos outros (cf. Mt 25, 24-28). Todos recebemos riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal (cf. Lc 12, 21; 1 Tm 6, 18). Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua. Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o convite, sempre atual, para tendermos à «medida alta da vida cristã» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31). A Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer e proclamar a bem-aventurança e a santidade de alguns cristãos exemplares, tem como finalidade também suscitar o desejo de imitar as suas virtudes. São Paulo exorta: «Adiantai-vos uns aos outros na mútua estima» (Rm 12, 10).

Que todos, à vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas (cf. Heb 6, 10). Este apelo ressoa particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa. Com votos de uma Quaresma santa e fecunda, confio-vos à intercessão da Bem aventurada Virgem Maria e, de coração, concedo a todos a Bênção Apostólica.

Vaticano, 3 de Novembro de 2011

BENEDICTUS PP XVI

Fonte: http://www.derradeirasgracas.com/3.%20Papa%20Bento%20XVI/Mensagem%20do%20Papa%20Bento%20XVI%20para%20a%20Quaresma%202012.%20%20.htm